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04/09/2015 11:06

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Noiva, Dani Hypolito treina feliz para seu último Mundial: 'Amo isso aqui'

Aos 30 anos, a vida ganhou leveza. No rosto, no corpo, nas palavras e nos movimentos. Ganhou um brilho inesperado a uma temporada da aposentadoria. No Pan de Toronto, Daniele Hypolito voltou a ficar sob os holofotes e se surpreendeu com a forma como competiu. Mais do que medalhas, trouxe de lá o desejo de se desafiar. As séries de trave e salto, que serão apresentadas em Glasgow, em outubro, passaram a ter elementos novos. Tudo para deixar uma boa impressão no último Mundial da carreira e para ajudar a equipe brasileira a conquistar a vaga olímpica. Mesmo que desfalcada de Rebeca Andrade. Não reclama das dores, dos treinos duros nem das broncas. Aprendeu a saborear cada momento. Complicado agora é convencer a cabeça que daqui a pouquinho não terá mais nada daquilo. 

- Está meio difícil de pensar isso depois da evolução que estou tendo este ano (risos). Estou lidando muito bem com isso (de parar). Estou tendo as oportunidades, tenho a força de estar conseguindo evoluir. Então, por que não aproveitar? Achei que ia sair de Toronto assim: "Nossa, é meu último Pan". Mas saí tranquila e satisfeita. Ganhei minha 10ª  medalha e faltou muito pouco para conseguir mais uma no salto. Fui ao Pan acreditando em ajudar a seleção, mas me surpreendi com minha própria competição. Meu segredo hoje em dia é a alegria por aquilo que amo fazer. Amo isso aqui, continuar dentro de um ginásio durante sete horas por dia. Tanto que estou há 26 anos nisso. Estou cursando faculdade de Marketing e visando projetos na área que vão preencher minha cabeça de outra maneira depois. Mas uma coisa que não quero de forma alguma é descuidar da estética. Demorei tanto tempo para ficar assim, cabelo, fisionomia, que é uma coisa que não quero parar - disse.

Nos últimos dois anos, os fios foram alourando e aumentando, a silhueta foi ficando mais fina, os olhos foram ganhando contornos mais fortes. Daniele lembra que aos 15 não se preocupava com nada disso, mas agora queria que as pessoas percebessem a mudança. A serenidade mostrada nos últimos meses ela credita ao coração.

- Estou noiva. Ainda não sei quando vamos casar porque ele (Fábio Castro) é um professor de dança, que trabalha para caramba, e é um dos bailarinos do Buchecha. Ele conhece minha rotina complicada, me apoia 100% (já deu aula de hip hop num dos treinos da seleção). Eu precisava, fora do ginásio, de uma pessoa que acreditasse no meu trabalho, que me apoiasse. Fora a minha família, tenho alguém a mais que está sempre ali comigo. Às vezes, vou competir e ele posta foto dando força para mim. Ter uma pessoa parceira assim é muito bom. Sei que o ano que vem vai ser uma virada radical, estou me preparando para isso e tenho certeza de que vou ter uma pessoa me ajudando.   

Parceira de longa data, Georgette Vidor define a fase vivida pela pupila como excepcional. De acordo com a supervisora da seleção, o amadurecimento que salta aos olhos tem relação com a vida pessoal, sim, mas também com os obstáculos que precisou atravessar ao longo dos anos.

- Dani nunca quis encerrar a carreira de qualquer maneira. Ela quer fazer parte dessa história, quer deixar uma marca. Ela viveu muitos anos sendo a estrela do Brasil. Aí depois vieram a Daiane, a Jade, e isso a tirou do cenário como a Pequena Notável durante muito tempo. Acho que ela pensou: "Quero resgatar isso. Quero contribuir e bem". Acho também que depois que saiu do estrelato, teve muito o irmão (Diego), que chegou e tal. Acho que ela amadureceu, começou um relacionamento e quando a gente ama a gente está sempre bem. Então, acho que ela começou a amar e ser amada. Acho que nunca teve um relacionamento tão duradouro e que ela se sentisse tão segura. Isso tudo ajudou. A maturidade dela com a idade também. Morar fora (em Curitiba), ficar um pouco separada da mamãe, tudo isso acabou fazendo com que focasse num objetivo.

Mas o gatilho para que voltasse a mostrar sua melhor ginástica foi acionado em maio, depois de ter ficado fora da etapa de São Paulo da Copa do Mundo.   

- No ano passado, ela foi ao Mundial, mas não foi tão bem. A gente esperava que fosse melhor porque fez um treino de pódio muito bom. Neste ano, ela foi à Copa do Mundo de Doha e não foi tão bem . A gente forçou uma barra para que fosse. E aí, na Copa de São Paulo a tiramos, não porque não estivesse bem, mas porque tínhamos que testar as outras ginastas. E isso não caiu bem para ela. Foi tocado no fundo da alma, acho que mexeu de uma forma com a Dani... De pensar: "Eu vou estar nessa equipe e não abro mão desse meu espaço". E aí ela cresceu de uma maneira absurda, a ponto de chegar e fazer aquele Pan sensacional. Dani tem mostrado muita competência - lembra Georgette.

E tem trabalhado com apetite de iniciante. A única diferença é que passou a ter que respeitar os sinais dados pelo corpo. Meio que a contragosto de Alexander Alexandrov, os treinos passaram a ser baseados no nível do seu cansaço. Se necessário, a segunda sessão do dia pode ser substituída por descanso. Os cuidados para evitar lesões têm funcionado, os resultados voltaram a aparecer, e o técnico russo passou a lidar melhor com a situação. Daniele só pensa em fazer a sua parte para que o todo possa brilhar. Em seu último Mundial, só consegue pensar em garantir a vaga da equipe nos Jogos de 2016. O que significa ter de figurar entre os oito melhores times em Glasgow. Do contrário, terão a chance derradeira no evento-teste do ano que vem.

- Eu quero me apresentar da melhor maneira possível em todas as próximas competições. É assim que imagino a melhor maneira de me despedir. Tenho me dedicado muito para ter melhoras pequenas. A gente sabe o quando cada 0.10 faz diferença na ginástica. Todo mundo está se dedicando muito para classificar direto nossa equipe para as Olimpíadas, para podermos nos preparar depois com tranquilidade. Eu estou de bem com a vida. Não tenho motivo para não estar feliz, para não ter o riso frouxo, para tratar mal as pessoas. Pelo contrário. Olha tudo o que construí. Teve altos e baixos, como todo atleta de alto rendimento tem, mas o mais importante é as pessoas pegarem e verem que foi uma carreira que eu estava ali sempre, pronta a ajudar, disposta. Do que vou reclamar? Que motivo tenho para virar e chorar por qualquer coisa? Sou feliz. Vivo do que amo, tenho uma família que me apoia 100% e entrou uma pessoa para somar mais na minha vida. Vou reclamar do quê?

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