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Documentário francês mostra volta da Chape aos gramados após tragédia

Trabalho denominado "Les Héritiers de Chapecoense" ("Os Herdeiros da Chapecoense", em tradução literal) foi veiculado no Canal Plus, da França

17 março 2017 - 14h14Por Globo Esporte

A tragédia vivida pela equipe da Chapecoense comoveu não só o Brasil, mas o mundo todo. Com o clima de tristeza e a necessidade de reconstrução do elenco da equipe, o jornalista francês Stéphane Dermani teve a ideia de produzir um documentário sobre o processo de recuperação do clube. O foco foi nas categorias de base, durante a Copa São Paulo, o primeiro torneio de uma equipe da Chape depois da tragédia. O trabalho denominado "Les Héritiers de Chapecoense" ("Os Herdeiros da Chapecoense", em tradução literal) foi veiculado no Canal Plus, da França.

A história poderia terminado cedo - a Chapecoense nunca havia passado da primeira fase da Copinha - mas a equipe mostrou poder de superação para eliminar, inclusive, o São Paulo e chegar às quartas de final, quando foi eliminada pelo Paulista de Jundiaí. Em entrevista ao "Redação SporTV" desta sexta-feira, o jornalista falou sobre o sentimento da equipe durante a caminhada na competição (assista ao vídeo acima).

- O que eu lembro dessa campanha é que eles realmente se comportaram como jogadores da Chapecoense. É o DNA do clube, a raça, a vontade. E aí eles saíram da primeira fase, ganharam o segundo jogo, empataram o terceiro. Chegaram a jogar contra o São Paulo, que era o grande favorito da Copinha. Tinha várias "coroas" na cabeça: era Campeão Brasileiro Sub-20, da Copa do Brasil, do Paulista, acho que era um time invicto há mais de 40 jogos, só goleava na primeira fase. A Chape chegou, e com muita raça, muita vontade, segurou o 0 a 0 e ganhou nos pênaltis. Para os garotos, foi um feito incrível, e eles ganharam do jeito que a Chapecoense ganha: sendo raçudos em campo, sempre dois ou três na marcação, gastando uma energia incrível. No final, eu perguntei para eles: "De onde vem essa força toda?" e todos falaram daqueles lá de cima, dos que se foram - comentou Darmani.

No entanto, o início não foi nada fácil. Stéphane conta que o clima no início da competição era de profunda tristeza e que na partida de estreia da equipe, contra o Nova Iguaçu, os jogadores sentiram a pressão causada pelos vários veículos de mídia de todo o mundo que estavam presentes no local.
- Cheguei lá 30 dias após a tragédia e os torcedores se reuniam ainda para mostrar apoio, a cidade ainda muito emocionada, muito triste, depois do Natal. Esses jogadores também tiveram uma folga excepcional, voltaram para casa, porque o ambiente era muito pesado. Então eles foram achar um reconforto com os familiares. Isso tirou um pouco da fase de preparação do time. Eles voltaram e foi uma sensação muito estranha, estavam acostumados a ter os profissionais do lado deles, muitos já haviam treinado com os profissionais, então achei um ambiente de vestiário bastante pesado. (...) A estreia deles foi muito complicada, muita mídia, tinham umas 15 televisões para o primeiro jogo deles, contra o Nova Iguaçu. Eles não aguentaram a pressão e perderam por 2 a 0. Todos falaram: "A gente esperava uma mídia atrás da gente, mas não tudo isso" - concluiu.

O documentário, que mostra principalmente o tom da reconstrução da equipe, possui três episódios e está disponível na internet. Apesar de o documentário ser narrado em francês, as entrevistas com os membros da equipe estão em português.