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Nobre vê pressão flamenguista em juízes: 'Não vão levar na mão grande'

Presidente do Palmeiras concedeu entrevista coletiva ao lado de seu diretor de futebol, Alexandre Mattos, para falar da polêmica no Fla-Flu

15 outubro 2016 - 09h10Por Globo Esporte

Em vez de Cuca, que sempre concede entrevista coletiva antes do fim de semana, quem assumiu o microfone da sala de imprensa da Academia de Futebol do Palmeiras na tarde desta sexta-feira foram o presidente do clube, Paulo Nobre, e o diretor de futebol, Alexandre Mattos. O motivo: a polêmica da noite anterior na vitória do Flamengo sobre o Fluminense, pela 30ª rodada do Brasileirão.

– Estamos aqui hoje para nos manifestar sobre o que chegou ao ponto do inaceitável. O que aconteceu ontem no Rio de Janeiro pode manchar a história do campeonato, colocar em questão a credibilidade de um campeonato que começa a ser decidido fora de campo – disse o mandatário, ao relembrar os detalhes do episódio que, depois de 13 minutos, definiu a anulação de um gol (de fato irregular) que daria ao Fluminense o empate.

Depois de o assistente Emerson Augusto de Carvalho ter levantado a bandeira para apontar impedimento dos jogadores do Fluminense na cobrança de falta, o árbitro Sandro Meira Ricci tomou decisão contrária e confirmou o gol. Daí em diante, sucedeu-se uma enorme pressão em torno da arbitragem, que se viu rodeada por atletas, comissões técnicas, policiais militares e o delegado da partida. Muito tempo depois, a decisão final foi de invalidar o gol anotado pelo zagueiro Henrique.

– O Palmeiras, desde o primeiro dia do campeonato, se esforça muito para conseguir todos os resultados que conquistou até agora. Ninguém vai levar na mão grande. Se tiver competência para levar em campo, parabéns. É necessário que quem organiza o campeonato, tome uma posição – acrescentou Nobre, em outro momento da entrevista.

Verdão e Flamengo disputam a liderança do Brasileirão. O time paulista é líder com 61 pontos. Os cariocas têm 60.

O dirigente, por outro lado, fez questão de elogiar a qualidade da arbitragem do Fla-Flu, considerada por ele a mais experiente do Brasil. Mas, em sua opinião, ela se deixou levar pela pressão do que chamou de "reunião de condomínio" e ainda contou com uma informação externa para invalidar o gol.

–  Os árbitros são seres humanos, e todo ser humano é sujeito a pressão. É por causa disso que estamos aqui hoje. Não é possível mais aceitar esse nível de pressão que estão fazendo no Campeonato Brasileiro. Futebol se joga em campo.

– Estou indignado. Foi impedimento, mas só foi anulado por uma interferência externa. Isso é proibido. Não pode? Não pode! Ou então vamos fazer isso para todos. Vão dizer que perde a graça, não importa. Precisamos definir. Se puder, pode para todo mundo. Se não puder, não pode para ninguém.

O Palmeiras já foi beneficiado por interferência externa. No Brasileirão do ano passado, Egídio foi expulso durante jogo contra a Chapecoense por uma falta que não cometeu. O quarto árbitro avisou o juiz que não houve infração e o lateral-esquerdo, que já se encaminhava para o vestiário, voltou. Paulo Nobre foi questionado sobre se esse lance não poderia mostrar que o que ocorreu no Fla-Flu foi circunstancial, e não fruto de pressão por parte do Flamengo. O presidente não concorda.

– Não tenho dúvida nenhuma de que Sandro (Meira) estava se sentindo pressionado ontem. Que ser humano não fica pressionado antes do jogo do Flamengo? A cada escala ficam pressionados. Ele ter permitido aquela balbúrdia e ter voltado atrás depois de 13 minutos? Ele é experiente....

O diretor de futebol Alexandre Mattos disse ter recebido ligação de dirigentes de três clubes para comentar uma suposta ingerência do Flamengo nos bastidores. Os palmeirenses corroboram essa posição e dizem que o clube carioca tem feito pressão via imprensa sobre a arbitragem quando critica a escala de juízes, por exemplo. Além disso, a diretoria do Verdão deu a entender que o Flamengo estaria recebendo tratamento diferente nos julgamentos do Superior Tribunal de Justiça Desportiva.

–  A pressão começa muito na mídia. Quer covardia maior do que dizer que um árbitro de São Paulo não pode apitar jogo do Flamengo? O Palmeiras não se posicionou sobre um árbitro carioca em seu jogo. Cobramos um futebol muito mais organizado, em que a competência seja medida dentro de campo – posicionou-se também Mattos.

Apesar do tom das reclamações, o Palmeiras não tomará nenhuma medida prática na Confederação Brasileira de Futebol, até pelo fato de o episódio não ter ocorrido em um jogo seu.

– Foi tão escandaloso o que aconteceu ontem - por isso estamos nos manifestando para a coletividade palmeirense, e acho que o Brasil todo ficou indignado ontem - que espero que episódios como esse não voltem a acontecer. Que tenham vergonha na cara e joguem futebol dentro de campo – criticou Nobre.