Política

13/09/2019 17:00

Políticos de Campo Grande 'caem matando' em Trutis por recompensa de R$ 100 mil

Trutis ofereceu dinheiro por informações sobre aliados de Adelio Bispo, que esfaqueou Bolsonaro

13/09/2019 às 17:00 | Atualizado 14/09/2019 às 07:15 Rayani Santa Cruz
Tony Robbins/Wesley Ortiz

A recompensa de R$ 100 mil por informações sobre aliados de Adelio Bispo, que esfaqueou o presidente Jair Bolsonaro, vem movimentando as discussões nos corredores políticos. Em Campo Grande, os vereadores não pouparam críticas ao deputado federal Loester Trutis (PSL), que iniciou a campanha.

Líder do prefeito na Câmara Municipal, o vereador Chiquinho Teles (PSD) desaprovou a atitude e falou abertamente que o parlamentar ‘não desce do palanque’. 

“Campo Grande tem tantos problemas, pautas mais importantes, inclusive de segurança pública, que ele [Trutis] poderia se preocupar e convocar os 513 [aprovados em concurso] abrindo emenda coletiva para fortalecer a segurança no país”.

Telles afirma que o deputado devia se preocupar em trazer emendas para Mato Grosso do Sul, auxiliando em obras e segurança da sua cidade. “O que atrapalha a administração do presidente é o eterno palanque eleitoral”.

Cada um no seu quadrado

Sobre o ponto de vista da segurança pública, o vereador Wellington (PSDB), que já se envolveu em outras discussões com Trutis, afirmou que a primeira coisa, a saber, é de onde vem o dinheiro da recompensa.

O delegado defende as investigações e a credibilidade da Polícia Federal. “Se a PF ainda não tem ou não divulgou elementos, isso não é problema do deputado, ele tem que estar preocupado em melhorar as condições do país, fazendo leis, melhorando a tecnologia, sistemas de investigações”.

O parlamentar concordou com Telles no quesito ‘cada um no seu quadrado’ e funções pertinentes.  “Ele não está autorizado a fazer uma situação dessas porque, inclusive, pode estar prejudicando as investigações. A gente não pode ficar criando mecanismos mentirosos para mostrar ser mais importante que a própria lei”.

Crime 

A recompensa em si não é crime no Brasil e está prevista na legislação civil. A origem do dinheiro é a grande questão que deve ser analisada. 

Para o vereador Wellington, se a questão fosse séria, a própria PF teria sido porta-voz da recompensa. Ele diz que existe o estado democrático de direito e deve-se ter respeito pelas instituições de segurança. 

Ato teatral

Em cima do muro e desconfiado, Junior Longo (PSB) disse que viu o vídeo e está indeciso sobre até onde a recompensa anunciada pode ajudar na investigação. 

“Não estou dizendo que é, mas, às vezes, parece um teatro [a recompensa]. Não é porque é sobre o Bolsonaro, existem coisas que chamam atenção e precisam ser investigadas”, comentou. 

Longo, assim como Wellington, acredita na Polícia Federal independente de qualquer recompensa.