Cidades

20/09/2020 08:29

Sem provas, ministro do Meio Ambiente diz que culpa de queimadas é de MS

Ele diz que viés ideológico impediu técnicas de prevenção

20/09/2020 às 08:29 | Atualizado 20/09/2020 às 08:02 Thiago de Souza
Chico Ribeiro

O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, garantiu que os governos de MS e MT prejudicaram o combate aos incêndios que atingem as porções do Pantanal, que abrangem os dois estados. Ele criticou viés ideológico dos governadores, mas não apresentou uma prova. 

Segundo entrevista ao site Brasil Sem Medo, Salles diz que o Governo Federal foi impedido de fazer a prevenção dos incêndios, o que levou às consequências vividas hoje. 

Salles citou como exemplo a técnica dos aceiros (abertura de vegetação para impedir incêndios), que é realizada por agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade e usada como ação preventiva ao fogo. 

Além disso, a aplicação do ‘’Fogo Frio’’, que é a queima controlada de parte da vegetação, para evitar que os incêndios de outras partes encontrem material combustível ali e se propague, também foi impedida pelos governadores. 

‘’...por questão ideológica, o governo do estado não permitiu que fizéssemos uso do ‘fogo frio’ nestes últimos dois anos. Quando você não faz uso do fogo frio, acumula muita matéria orgânica, como galhos, folhas e capim seco. Quando há incêndio, o fogo é em um volume que ninguém consegue controlar”, explicou o ministro.

Salles tirando sarro pela frase 'passando a boiada'. (Reprodução Youtube)

Outra queixa do titular do Meio Ambiente, é que os governadores também impediram o uso do chamado “retardante de fogo”, que é um produto químico semelhante a um fertilizante e é colocado nos aviões de pulverização que despejam água. 

“A eficiência desse produto é de cinco vezes maior do que a água pura. No entanto, por razões ideológicas, governos e ONGs têm impedido o uso, mesmo sendo um produto utilizado pelos EUA, Japão, Canadá e Europa. Só no Brasil que há esse impedimento”, pontuou o ministro.

Por fim, Salles destacou que o Governo Federal mais que dobrou o número de brigadistas, passando de 1.400 para 3 mil profissionais. Também diz ter providenciado 10 aviões Air Tractor, responsáveis por despejar água nas queimadas. Além disso, teria colocado à disposição 150 viaturas para conduzir os brigadistas aos focos de incêndios.

Entramos em contato com a Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico, Produção e Agricultura Familiar de MS, para obter uma resposta sobre as críticas do ministro Salles, mas até o momento não tivemos resposta.