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11/10/2020 11:30

MS 43 Anos: Estado teve fama de faroeste, mas hoje tem uma das melhores polícias do Brasil

Garras desarticulou maior organização criminosa dos últimos 20 anos

11/10/2020 às 11:30 | Atualizado 10/10/2020 às 07:17 Thiago de Souza
Anna Gomes - arquivo

Mato Grosso do Sul já teve fama de faroeste, em razão da grande quantidade de crimes sem solução e por ter fronteira com o Paraguai e Bolívia. Porém, aos 43 anos de existência, o Estado pode se orgulhar de ter uma das melhores polícias civis do Brasil. 

Levantamento do Instituto Sou da Paz, chamado ‘’Onde Mora a Impunidade’’, mostra que a Polícia Civil de MS é a segunda no País que mais esclarece assassinatos, com índice de 67% de resolução. Os dados avaliados são de casos de 2017 que foram esclarecidos até o final de 2018. O primeiro é o Distrito Federal, com índice de 92%.

Esse estudo se refere apenas aos casos de mortes violentas que foram denunciados pelo Ministério Público à Justiça. No entanto, a Polícia Civil de MS observa que, se levado em conta todos os casos registrados, a performance da polícia sul-mato-grossense é melhor ainda. 

‘’...são superiores a 70%, isso porque muitos homicídios continuam em apuração. A investigação não cessa enquanto não esgotamos todas as possibilidades que levem à autoria, casos de 2, 3 e até 5 anos atrás continuam em andamento com coleta de provas e esse percentual de elucidação tende a subir”, observa o delegado-geral de MS, Marcelo Vargas. 

Já de acordo com a própria Polícia Civil, os dados mostram que, dos 559 casos de assassinatos registrados em 2015, 77% dos autores foram identificados, indiciados e processados. 

Em 2016 foram 564 mortes violentas e 71% delas com indicação de autoria e em 2017, 73% do total dos 529 homicídios ocorridos foram esclarecidos. O percentual de elucidações de 2018 é de 71%, sendo que naquela época foram registrados 455 homicídios no Estado.


Polícia soluciona grande parte dos homicídios em MS. (Wesley Ortiz)

Omertà 

Entre as várias operações que a Polícia Civil deflagrou em Mato Grosso do Sul, a mais intensa e importante foi a Omertà, em associação com o Gaeco-MS. O Garras, Grupo Armado de Repressão a Roubos, Assaltos e Sequestros foi que capitaneou a maior investida policial contra o crime organizado da história. 

As autoridades investigavam cinco execuções em Campo Grande quando descobriu um verdadeiro arsenal, com fuzis, pistolas e carabinas. Essa foi o ponto de partida para a investigação que chegou aos líderes de uma complexa organização criminosa: Jamil Name e Jamil Name Filho, o Jamilzinho. 

A partir do achado, um esquema complexo de apuração foi montado e descobriu que a quadrilha tinha vários núcleos de apoio, que executavam, ameaçaram e torturavam desafetos dos Names. 

Para ter ideia da profundidade da investigação, um dos delegados mais renomados da polícia foi preso. Policiais civis, militares, guardas municipais e até um agente federal foram descobertos na investigação. 

As apurações furaram a blindagem política de muitos suspeitos, como Jerson Domingos, por exemplo. A imagem de grandes autoridades chegando para depor no Gaeco foi um divisor de águas para o sistema policial do Estado. 

A confirmação que a investigação foi primorosa, se dá no fato que Jamil Name, o filho e outros investigados foram parar em um presídio federal de segurança máxima. Além disso, ficaram encarcerados no regime mais rigoroso do sistema federal: o Regime Disciplinar Diferenciado. 

Além disso, a polícia e o Ministério Público apuram outros crimes, a partir de elementos apreendidos nas residências dos envolvidos.