CORONAVÍRUS

25/06/2021 16:00

Vacinas para fronteira geram novo atrito entre secretarias de Saúde

Estado conduz estudo de vacinação em massa nas cidades de fronteira, enquanto Campo Grande pede doses que seriam ideal para imunizar pessoas de 35 anos para cima

25/06/2021 às 16:00 | Atualizado 25/06/2021 às 17:03 Vinicius Costa e Vinícius Squinelo
Geraldo Resende evitou polêmica, mas quis reforças parceria com Campo Grande - André de Abreu

As doses da vacina Janssen, aplicada em dose única, que serão distribuídas para as cidades de fronteira de Mato Grosso do Sul gerou um novo atrito entre Governo do Estado e a Prefeitura de Campo Grande. A ideia da vacinação em massa em uma região específica é criar um cinturão de imunização.

As doses já chegaram ao Estado e serão distribuídas às cidades de Mundo Novo, Japorã, Sete Quedas, Paranhos, Coronel Sapucaia, Aral Moreira, Ponta Porã, Antônio João, Bela Vista, Caracol, Porto Murtinho, Corumbá e Ladário.

No entanto, segundo apurado pelo TopMídiaNews, a ideia não teria caído no gosto de Campo Grande que gostaria de ter uma fatia extra da quantidade de imunizantes que foram doadas. Para o secretário da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), caso a cidade recebesse um quantitativo maior, imunizaria a população afetada diretamente pela covid-19 dos 35 anos em diante.

A capital sul-mato-grossense recebeu um carregamento de doses que desembarcou na quinta-feira (24) no Aeroporto Internacional de Campo Grande, além de outras vacinas como CoronaVac e Pfizer. Porém, a intenção era receber mais doses da Janssen.

"Precisamos aguardar a posição oficial do Ministério da Saúde. Se Campo Grande receber 33% destas doses, que daria em torno de 63 a 65 mil doses, conseguiríamos vacinar pessoas de até 35 anos, isso em três ou quatro dias. Essas vacinas seriam de extrema importância, não só para Campo Grande, mas para todo o Mato Grosso do Sul, porque hoje o maior índice de internação e óbito está justamente nesta faixa, de 30 a 50 anos", afirmou o secretário municipal de Saúde José Mauro Filho.

Contudo, essa postura parece não ter agradado ao secretário de Estado de Saúde, Geraldo Resende, que para a reportagem, declarou que "não está entendendo onde ele quer chegar" e que vê a atitude como uma "postura pequena" adotada pelo município.

Resende ressaltou que o trabalho sempre foi em conjunto com todos os municípios e que Campo Grande recebe as doses igualmente a de remessas anteriores: cerca de 40% dos quantitativos dos imunizantes.

Para o secretário de Saúde, se fosse necessário pedir mais doses era preciso encaminhar um ofício e evitar esse tipo de polêmica, que seria o caminho mais ético. Mas entende que Campo Grande recebe números maiores por concentrar uma população maior no Estado.

Geraldo Resende explica que as 150 mil doses da Janssen, que serão destinadas às cidades de fronteira do Paraguai e Bolívia, foram um adicional conquistado com muito esforço que vem sendo realizado há pelo menos 3 meses e contou com a ajuda de diversos outros componentes, como a bancada federal de Mato Grosso do Sul. Mesmo assim, cutucou a atitude de Campo Grande.

"Não quero acreditar que seja por má fé. Sempre construímos uma parceria muito forte com Campo Grande".