ILEGAL

29/06/2021 07:00

Grupos de WhatsApp ajudam motoristas a escapar de blitzes em Campo Grande

Nas dificuldades da pandemia, muitos justificam que precisa se alimentar e sobreviver antes de pagar documento do veículo

29/06/2021 às 07:00 | Atualizado 28/06/2021 às 12:55 Rayani Santa Cruz
Motos estão sendo apreendidas em fiscalizações - Reprodução

Apreensão de motos e carros que estejam com o documento em atraso sempre gera polêmica. Tanto que, em Campo Grande, muitas pessoas justificam que, nas dificuldades da pandemia, a opção é comer e sobreviver antes de quitar o débito com o Estado. Para escapar das blitzes, os condutores utilizam grupos de WhatsApp para darem avisos.

Na semana passada, inclusive o vereador Valdir Gomes (PSD) pediu ao governo do Estado que suspenda as apreensões de veículos com documentação atrasada para não prejudicar trabalhadores.

Após a primeira matéria (clique aqui para ver), a internauta Fátima Jupira Alvarenga, de 39 anos, pediu mais um texto para fazer a defesa dos motociclistas.

Ela, que é técnica de enfermagem e mora no José Abrão, disse que também está andando de forma irregular há alguns meses porque não conseguiu pagar a conta. “E estou indignada por isso que estamos passando. Fora nossas necessidades,  abalos mentais e físicos, e o governo pensa só em ganhar dinheiro. Hoje estou escolhendo entre pagar contas e comer”, disse ela, que apoia a iniciativa do vereador.

Grupos de Whats

Fátima afirma que está em vários grupos de motociclistas no WhatsApp e que a iniciativa é para garantir que os trabalhadores não percam o único meio de transporte. Ela explica que quando algum participante observa uma blitz é avisado no grupo a fim de proteger uns aos outros. 

Ela diz que é a favor de blitz, mas em casos específicos como da Lei Seca. “Claro, blitz é bom sim, pois tem muitos bêbados, mas blitz de manhã para pegar trabalhador... É difícil e triste a nossa situação. A gente precisa trabalhar, comer, temos filhos, família. Estamos só correndo atrás do nosso pão de cada dia”.

Ela deixou um recado às autoridades. “Quero que as autoridades pensem mais na gente. Estamos em época de pandemia e um ajudando o outro... Esqueça o enriquecimento um pouco,  seja humano e ajude a gente a trabalhar  e não a perder o que nos resta. Não tire a nossa dignidade de trabalhar, levar sustento honesto para casa”, disse ela, que perdeu a irmã de 34 anos, há um mês, para a covid-19.

Opiniões

Jose Benevides quer apoio. “O pior é que não tem ninguém para defender o trabalhador nestas horas. Além de trabalhar para sustentar os políticos, os funcionários públicos e outros, não sobra dinheiro para pagar em dia os documentos de seus veículos. Vai contar com quem? Só com a sorte mesmo.”

Marcião Pereira duvida que a solicitação do vereador seja acatada. “Tinha que apreender essas com os escapamentos adulterados, isso sim! Ao invés de apreender os veículos que estão com documentos atrasados.”

Paulo Amaral sugere que blitz seja feita no período da noite para apreender veículos de pessoas alcoolizadas.

Thays Menezes afirma que se houver o parcelamento do licenciamento fica mais fácil resolver. “Queremos parcelamento dos débitos atrasados via boleto, até porque nem todos tem cartão de crédito. Facilitaria muito, entraria dinheiro com frequência, e o melhor, sem precisar tomar nada de ninguém”, sugere.