Polícia

17/03/2017 08:57

Frigorífico com atuação em MS está entre os alvos de nova operação da PF

Polícia descobriu esquema de pagamento de propinas para fiscais fazerem 'vista grossa'

17/03/2017 às 08:57 | Atualizado Diana Christie
Geovanni Gomes/Arquivo

Com filiais em Mato Grosso do Sul, o frigorífico JBS é um dos alvos da Operação Carne Fraca, deflagrada pela Polícia Federal na manhã desta sexta-feira (17). São 38 mandados de prisão, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão. Outras marcas conhecidas da população como a BRF e a Seara também estão na mira dos investigadores.

O objetivo, segundo a Folha de São Paulo, é desarticular suposta organização criminosa liderada por fiscais agropecuários do Ministério da Agricultura, que, com o pagamento de propina, facilitavam a produção de produtos adulterados, emitindo certificados sanitários sem fiscalização.

A investigação foi batizada de ‘Carne Fraca’ em alusão a uma expressão popular que descreve a situação dos produtos encontrados pela Polícia Federal, como carnes podres maquiadas com ácido ascórbico e reembalagem de produtos vencidos, realizada por alguns frigoríficos, e demonstra a fragilidade moral dos agentes públicos que deveriam fiscalizar os alimentos.

A Justiça do Paraná determinou o bloqueio de R$ 1 bilhão das investigadas. Um dos executivos presos, o gerente de relações institucionais e governamentais da BRF Roney Nogueira dos Santos tinha, inclusive, ao login e senha do sistema de processos administrativos do Ministério da Agricultura, de uso interno.

Além disso, até mesmo o ministro da Justiça, Osmar Serraglio, é citado. Conforme a Folha, ele aparece em grampo interceptado pela operação conversando com o suposto líder do esquema criminoso, o qual chama de "grande chefe". Entre os códigos para propina usados pelos fiscais agropecuários estão as palavras “dedo”, “luva” e “documento”.

Os pagamentos eram realizados tanto em dinheiro como em produtos como caixas de carne, frango, pizzas, ração para animais e botas. No entanto, segundo a Receita Federal, a distribuição de lucros e dividendos também era realizada através de empresas fantasmas, da montagem de redes de fast food em nome de testas de ferro e da compra de imóveis em nome de terceiros para esconder o aumento de patrimônio.

Essa é a maior operação já realizada na história da Polícia Federal. Estão sendo mobilizados 1,1 mil policiais no Paraná, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás, além do Distrito Federal. A investigação, porém, não chegou a Mato Grosso do Sul apesar da presença das empresas no Estado.