Sucursal Pantanal

12/12/2017 07:00

Ex-funcionário afirma ter sido fantasma em gabinete de Felipe Orro

Desligamento teria sido feito somente após interceptação telefônica que revelou esquema

12/12/2017 às 07:00 | Atualizado Bruna Vasconcelos
Welter diz ter contraído dívidas após promessas de deputado - Arquivo Pessoal

Mychell Christian Welter afirma que trabalhou durante as duas últimas campanhas do deputado estadual Felipe Orro (PSDB), em Terenos, com a promessa de conseguir um emprego assim que a eleição terminasse. No último mandato, o homem afirma ter sido comissionado como funcionário fantasma na Assembleia Legislativa. 

“O acordo foi firmado na primeira campanha, mas passou. Na última eleição, novamente ele veio aqui e mentiu pra gente, trabalhamos pra ele só a troco de combustível para o pessoal dele (eleitores). Ele ganhou, me colocou no cargo lá, mas eu ia somente para assinar. O salário era de 1.180 reais“, denuncia Mychell.

Ainda conforme o ex-funcionário, Orro teria dito que “ele nem precisa ir lá mais.” Foi então que, segundo Welter, ele iria na Assembleia uma vez mês para assinar a folha-ponto de todos os dias das 7h30 às 13h30.   

“Eu assinava com o Valdivino, que é outro funcionário do Felipe”, garante.

Em outubro de 2016, uma interceptação telefônica nos telefones da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul, mostrou o deputado Paulo Corrêa (PR) supostamente orientando Felipe Orro sobre como burlar o controle de frequência dos servidores comissionados.

“Na gravação deu todos aqueles problemas e o deputado me ligou me chamando para ir até a ALMS. Ele me disse que a gente precisava dar uma segurada porque ele tinha tido os problemas com o Paulo Corrêa, mas disse para eu ficar tranquilo que eu não ia ficar desamparado e logo voltaria para a Assembleia”, conta Mychell

Após o desligamento, em janeiro, Mychell teria sido orientado a não falar nada com a mídia, caso fosse procurado. 

“Em junho deste ano procurei ele para perguntar como ficaria minha situação em Terenos já que eu tinha deixado de trabalhar para outras pessoas e firmado compromissos financeiros. E até agora nada. Quem me procurava era o Mario Nelson, assessor, me enrolando, mas antes eu fiquei 1 ano e pouco fantasma em Terenos, sem nem precisar ir lá. Todo mundo que foi exonerado em janeiro era tudo cargo fantasma”, denuncia o ex-funcionário.

Outro lado

A reportagem do TopMídiaNews procurou o deputado. Ele, por meio de assessoria de imprensa, afirmou que de fato o servidor prestou serviços no gabinete, mas, no período em que esteve lotado, apresentou relatórios normalmente e que suas atividades eram supervisionadas. O desligamento do ex-funcionário teria sido por falta de produtividade, “natural como qualquer outro”.

Questionada sobre as fotos dos relatórios, a assessoria justificou que a pessoa responsável não estaria no gabinete no momento.