Campo Grande

18/03/2018 16:31

Sem salários há dois meses, costureiras de fábrica de calcinha cruzam os braços em Campo Grande

Denúncia da conta que os demitidos não recebem direitos trabalhistas

18/03/2018 às 16:31 | Atualizado Thiago de Souza
Produção foi interrompida por atraso nos salários - Repórter Top

Costureiras da fábrica Universo Íntimo, no núcleo industrial, cruzaram os braços nesta semana devido a falta de pagamento de dois meses. A empresa teria depositado apenas 10% do salário de dezembro, o que gerou revolta das operárias.

Conforme denúncia das trabalhadoras, desde maio de 2017 a empresa não paga em dia. ''Às vezes paga 5%, 10% ou pagam por semana ou a cada 15 diz'', traz a denúncia.

Pela manhã de quinta-feira (15), as trabalhadoras, cerca de 70 mulheres, não deixaram que os demais funcionários acendessem a luz. A intenção da empresa é que as mulheres voltassem a linha de produção por conta da parte do salário depositada, mas não houve acordo.

Outra reclamação dá conta que os funcionários demitidos não recebem os direitos trabalhistas como férias e FGTS, por exemplo. Conforme uma das funcionárias da Universo Íntimo, as informações chegam por meio de um porta-voz do proprietário, que mora em São Paulo. O encarregado somente diz que se a produção não voltar, aí é que não haverá pagamento.

''Entramos janeiro recebendo o mês de novembro'', reclama a trabalhadora.

Sem salários, não houve trabalho nesta quinta-feira. (Foto: Repórter Top)

Se correr o bicho pega...

A situação das operárias é complicada, mostram os relatos. Se continuarem trabalhando, não recebem ou recebem muito pouco. Se foram demitidas, não recebem nada.

Uma das funcionárias revelou que a fábrica está em processo de recuperação judicial. Um membro da diretoria teria dito às funcionárias que se elas pararem os trabalhos ele  fecha a fábrica. E quando entrar dinheiro, ele reabre, mas com outras pessoas na produção.

O temor das trabalhadoras é de ficarem 'marcadas' no mercado de trabalho e não mais conseguirem emprego, algo que já é difícil hoje em dia.

No final da tarde desta quinta-feira entramos em contato com a fábrica, mas ninguém atendeu. Uma das trabalhadoras disse que a imprensa foi impedida de acessar a área de produção e funcionários de outros setores dispensados mais cedo para evitar os jornalistas.

Conforme uma denunciante, nesta sexta-feira a paralisação deve continuar.

Mais queixas

Costureiras dizem ainda que estão descontentes com a atuação do sindicato das Indústrias Têxteis, que as representa. Sobre a paralisação das funcionárias, uma dirigente da entidade simplesmente teria dito que 'a decisão de parar é de vocês'.