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11/06/2015 07:00

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Campo-grandense lança filme para internet sobre lenda da fronteira

Cinema

Só de ouvir, a lenda dos tesouros paraguaios já soa empolgante. Imaginá-la como um roteiro de filme não seria nada absurdo. Atraído por bons contos folclóricos, o jornalista Andriolli Costa, 25 anos, constatou este potencial e propôs a ideia na primeira oportunidade que teve. Produzida há cinco anos, a versão audiovisual do popular lenda da fronteira sul-mato-grossense, conhecida no país vizinho como Plata Yvyguy, foi lançada na internet na última semana.

O curta-metragem retrata a busca de dois amigos, interpretado por Edson Galvão e Márcio Higo, por um destes lendários tesouros enterrados. No trajeto, entretanto, os companheiros passam a suspeitar um do outro e até se a pureza necessária para esta descoberta realmente existe. Diante dos questionamentos, o esperado final feliz parece cada vez mais distante.

 

A filmagem é resultado do projeto Mídias Contemporâneas, Narrativas Populares, desenvolvido pelo Pontão de Cultura Guaicuru com parceria do instituto Oi Futuro, em 2010. A proposta do jornalista foi acatada pelos participantes que retiraram do baú experiência pessoais com lenda. "Muita gente tinha histórias de tesouros enterrados para contar. O sogro do Edson Galvão chegou a alugar uma máquina detectora de metais para caçar tesouros quando morava na fronteira", relembra Andriolli.

 

A proximidade da história com quem vive por aqui foi se desvendando com aprofundamento da pesquisa. De acordo com o jornalista, na época, o Heitor Freire, do Instituto Histórico Geográfico, lembrava ter ouvido dizer que no Paraguai havia tanto

ouro enterrado que, enfileirado, dava para dar a volta na terra. "Essas histórias fazem parte do imaginário, e por isso são tão envolventes", acredita o jornalista.

 

 Devido a paixão quase incondicional pela história, o filme acabou demorando para ser lançado. Apesar de considerar o processo de produção conturbado, Andriolli se apegou a narrativa e achou que merecia ser melhor contada e receber um tratamento de pós-produção mais elaborado. Mesmo com as incertezas, a material acabou sendo fruto do tempo e retratou algo inédito no audiovisual  do estado.

 Andriolli une audivisual e folclore. (Foto: arquivo pessoal)

 

Com o lançamento, o trabalho é mais um elemento incorporados ao currículo do jornalista, que se enveredou na área de pesquisa em cultura popular durante a graduação e pós-graduação. Os contos, especialmente ligados com a tradição oral, se tornaram uma paixão e o levaram até ao Rio Grande do Sul.

 

A fusão entre audiovisual e folclore parece ter se tornado uma fórmula atraente. Atualmente,  Andriolli participa de uma oficina de cinema no RS e teve, mais uma vez, o roteiro selecionado para as filmagens.  O jornalista dirigirá, juntamente com o professor Magnum Borini, o curta-metragem "O Colecionador de Sacis".                                                                                                                                         

O filme é um drama, sobre um homem que vive sozinho em sua casa, tendo por única companhia uma estante de garrafas aparentemente vazias, mas que ele jura conterem cada uma um tipo diferente de saci. "Desta vez, estou confiante de que consigo fazer a estréia do filme ainda este ano", brinca.

De baixo desta terra

 

Andriolli conta que se inspirou em relatos jornalísticos para criar a história que move Enterros. “No Paraguai, é comum encontrar notícias envolvendo a busca por tesouros enterrados – que eles chamam de plata yvyguy”.

 

Filmagem de "O Colecionador de Sacis" ocorre no domingo. (Foto: arquivo pessoal)

 

Pessoas de todas as classes sociais se acidentam, cometem crimes e até morrem na tentativa de encontrar o ouro prometido. “Essas histórias também chegam ao Mato Grosso do Sul, povoando o imaginário da fronteira de riqueza e mistério”.

 

As versões para a lenda são muitas, mas todas remetem ao período da Guerra contra o Paraguai, que assolou o País de 1864 a 1870. Alguns dizem que Solano López reuniu o tesouro nacional e mandou ocultá-lo embaixo da terra. Outros dizem que o ouro perdido pertencia a sua esposa, a irlandesa Madame Lynch. Há ainda relatos de que os próprios paraguaios enterravam suas fortunas pessoais, na esperança de reavê-las depois da Guerra.

 

O componente fantástico acrescenta que o local do enterramento é indicado em sonhos para alguns poucos escolhidos, ou então na forma de bolas de luz que aparecem em plena noite. No Paraguai, outro indício é a presença de um cachorro branco sem cabeça. Mas tem um detalhe: só encontra o tesouro quem tiver coração puro.

 

Assista ao filme 'Enterros':


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