Quem pensa que Campo Grande só tem sertanejo pode se surpreender pela quantidade de baladas que há na Capital, que vão muito além do sertanejo. Uma dessas baladas é o som dos DJs que rola solto por aí em festas fechadas ou comerciais, como são chamadas aquelas que são realizadas com bilheteria.
Pensando nisso, o TopMídiaNews traz a série #AlémdoSertanejo para mostrar que além das milhares de duplas e cantores como Luan Santana, João Bosco e Vinicus, Maria Cecilia e Rodolfo, Jads e Jadson, Bruninho e Davi e outros, também há quem faça um som diferente.
Quem passa em frente à casa no bairro União, nem tem noção que ali, tem um estúdio profissional onde um grupo desses profissionais se reúne toda segunda-feira para o projeto Live DeeJays Campo Grande. O programa é transmitido via internet para o mundo todo e a regra é: só toca eletrônico.
O ‘dono da casa’ é o DJ Tairo, 41 anos, e que desde 1994 trabalha como DJ e com uma empresa de som. “O encontro acontece para ser nosso final de semana, é onde conversamos, rimos, ouvimos o que gostamos e tomamos uma cervejinha”, conta. O projeto Live DeeJays Campo Grande foi criado pelos DJs Macarrão e DJ Ninja, e quem é da área, sempre é bem vindo.
“É um projeto não comercial que acontece desde 2010, criado por dois grandes profissionais. Atualmente, aqui neste estúdio, toda segunda, fazemos um encontro onde são quatro DJs e mais um convidado para falarmos de música eletrônica”, conta o DJ Andrezinho Cardoso.
Aos 33 anos, Andrezinho trabalha como operador de áudio em uma rádio comercial onde só toca música evangélica. Mas é DJ há pelo menos 16 anos.
Na bancada ele tem a companhia de Fabinho Neon, 37 anos, atuando há 15 anos como DJ. “E trabalho com isso, vivo disso e de sonorização em festas e eventos”, explica ele sobre a atividade que é uma paixão.
Entre eles o “Rei do Funk”, como é chamado Willian Lins, 37 anos e há 14 anos vivendo só de fazer festa. “Eu toco em festas comerciais, e essas festas só tocam funk”, explica sobre o apelido.
O caçula da turma é Kelison Dias, 30 anos e há dez na estrada. Mas aos poucos vão chegando mais companheiros de mesa como o DJ Rocker, 39 anos, que vive da profissão ou a surpresa da noite. O professor Marcelo Cavalheiro, que é matemático e físico, além de produtor musical, já que ele produz o próprio som.
“Hoje eu já tenho uma oportunidade melhor de tocar o meu som, toco em casas noturnas e mais no interior”, conta ele.
Festa todo dia e balada evangélica
Entre as revelações dos DJs uma não é tão surpresa, mas a maioria garante que Campo Grande tem festa todo dia. “De terça a domingo pelo menos eu sei que tem”, dizem quase que uníssono.
E o público é bem diferenciado. “Tocamos em algumas festas que são evangélicas, outras pentecostais, onde o som é do fogo. A música é ao gosto do cliente, mas de cada quatro festas uma delas é evangélica”, conta Andrezinho.
Tairo garante que nas festas é tudo alegria, com dança e feito conforme o contratante quer. “Não vamos errar e tocar um funk pesadão na festa de quem é religioso”, explica. Segundo eles, a diferença está que não há bebidas. “Mas a pista fica cheia do mesmo jeito”, garante.
Cursos tem valor de R$ 2 mil
Os profissionais sabem que o mercado tem concorrência, mas ainda assim garantem que não há nenhum tipo de rixa. “Tem aquelas fofocas, aquelas coisas, mas não é briga”, diz Fabinho sobre o que é comum em todas as profissões.
Segundo ele, para se tornar DJ não basta tocar na festinha do primo. “Tem cursos, aperfeiçoamento e equipamentos que custam caro. Hoje, um bom curso de DJ custa pelo menos R$ 2 mil e o equipamento inicial vai pelo menos mais uns R$ 5 mil só para iniciar”, contabiliza.
Lives, encontros e meninas nas controladoras
A turma contabiliza pelo menos 150 DJs profissionais em Campo Grande, que ainda não se organizaram em uma associação ou sindicato, mas que um acaba divulgando o trabalho do outro. “Temos lives de segunda a quinta, depois cada um vai para os eventos”, garante Tairo sobre o projeto que também abre espaço para as meninas.
“Há poucas mulheres na profissão, mas as que estão atuando tem respeito no mercado e são bem recebidas”, afirma Fabinho sobre a presença feminina, que inclusive foi destaque em outras edições da nossa live. Aqui somos democráticos, é só chegar”.
Então, se você acha que MS só tem sertanejo, segue o som dos meninos.