Responsável pela música que conquistou o Brasil em 2006 e 2007, rendendo bons frutos para a dupla Maria Cecília e Rodolfo com o refrão "Tudo que eu quero é você de volta, to te esperando vem bater na minha porta, eu amo você, eu só sei te querer, minha vida tem sentindo se tiver você", o compositor Marco Aurélio destaca a importância dos autores de grandes hits a acostumar com o anonimato, já que muitas pessoas acabam associando a letra da música ao artista que faz a interpretação.

Marco Aurélio é um compositor disputado e conhecido entre os grandes nomes da música sertaneja e atualmente forma dupla com Victor Gregório em Campo Grande. Ele destaca que escrever uma canção exige dedicação de 'corpo e alma', o que muitas vezes acaba faltando em alguns compositores, que colocam a parte financeira em primeiro lugar.

"Você tem que acostumar com esse anonimato, as pessoas ouvem a música e acham que é do artista, eu não me incomodo com isso, estou fazendo a minha parte. A parte financeira existe, só não pode estar em primeiro plano no quesito arte, se fizer com amor, a coisa funciona, o rendimento vem", diz o cantor.

O artista emplacou sucessos como 'Camaro Amarelo' que alavancou a carreira de Munhoz e Mariano, 'Amar não é pecado', que foi um dos maiores sucessos do cantor Luan Santana, escrita ao lado de Fred Liel, Gustavo e Márcia Araújo, 'Festa na República', 'Deusa Menina', entre outros.

Questionado sobre escrever letras já pensando nas vozes que ela se encaixa, Marco afirma que depende da situação, pois a música Você de Volta da dupla Maria Cecília e Rodolfo foi enviada para mais de 15 duplas, que não acreditaram no poder da letra.

"Depende, eu escrevi Você de Volta que antes de ser gravada por Maria Cecília e Rodolfo, foi enviada para mais de 15 duplas, mas ninguém acreditava na letra, que acabou virando sucesso na voz do casal.  Você de Volta eu comecei a fazer no dia 12 de dezembro de 2006, eu estava em uma fase que eu não tinha dinheiro nem para comer, extremamente focado no que estava fazendo. Cheguei nesse ponto por esbórnia, a parte ruim do meio. Quando escrevi passei para outras duplas, ninguém quis ela e acabamos lançando eles. A música Amar não é Pecado foi tema de novela da Rede Globo e a Camaro Amarelo, escrevi com Bruno Caliman, diretamente para Munhoz e Mariano. Eu fazia parte do escritório deles e escrevi essa letra já pensando que encaixava na voz da dupla. A música tinha que ter uma dança, que foi criada pelo Mariano", diz Marco.

Para Marco, o objetivo principal das composições atinge partes que a maioria das pessoas não enxerga. "Esse é o objetivo, a parte social da coisa, que a maioria não vê. Não é bom só para uma equipe, imagine quantos shows a você de Volta deu para Maria Cecília e Rodolfo, que tem em média 30 a 40 pessoas envolvidas no acontecimento desse show. Nessa época, eles fizeram  250 shows naquele ano".

Questionado sobre ser procurado no meio para novas composições, o artista destaca que é solicitado e procura atender todos os artistas, mas seu foco principal no momento, é compor para sua dupla Victor Gregódio e Marco Aurélio.

"Eles procuram sempre, dos grandes aos menos conhecidos, eu procuro atender todo mundo. É a nossa função, quero ver minha música tocando. Funciona dessa forma, eu tento atender todo mundo. Estou escrevendo para todo mundo, não quero mais ser exclusivo de alguém não, escrevo para todo mundo, No momento meu foco é escrever para Victor Gregório e Marco Aurélio. Estamos fazendo também música para outros artistas como Wesley Safadão, Maiara e Maraísa", conta o músico.

Ao relembrar o momento em que deixou os palcos, para promover artistas, Marco Aurélio afirma que desistiu de investir nesse meio, por ser complicado lidar com 'egos inflamados'.

"Não vou continuar promovendo, é complicado lidar com artista, você não lida só com vaidade dele, passa a lidar com família, dai o artista começa com o 'eu já sei', é muito raro um artista que tem feeling par cuidar de tudo.  Você precisa das pessoas, até para ser corno você precisa de alguém. Tem que montar uma equipe, confiando na sua equipe. É complicado lidar com egos inflamados. Existe uma diferença muito grande entre ser artista e cantor, o artista quer mais mídia, pensa mais no estrelato do que cantar e fazer sua obra, a música cobra isso, quem é mordido pelo glamour, qualquer reino, seja qual for, é reino divido, reino dividido não prospera, ele se desmonta. Existem exceções, mas lidar com egos inflamados é meio que está muito exposto a mídia, tem glamour, é muito perigoso isso para pessoas, quem não tem  formação psicológica ou formação familiar com base mesmo, ele é mordido por esse meio, essa parte tosca do meio, parte ruim, mas tem várias pessoa que são legais, que está no meio porque gostam do que fazem, querem a arte em si, querem mostrar o talento, outros só pelo lado comercial", finaliza o compositor.