Enquanto uns convivem com um  festival de buracos pelos bairros da Capital, outros moradores acreditam residir na zona rural, já que o mato alto anda tomando  metade do bairro Jardim das Perdizes. João Garcia, 62 anos, afirma que mora na região desde o ano de 1986 na Rua Almerinda de Azevedo e sempre notou essa diferença nas ruas do bairro, já que metade está tomado por mato e a outra metade, possui asfalto e os moradores convivem tranquilamente.

João destaca que as ruas possuem iluminação no período da noite, mas os moradores das ruas tomadas pelo mato têm medo de sair de casa, já que muitos locais são utilizados por usuários de drogas. "As ruas não são escuras, mas sair aqui a noite é complicado, têm muito usuário que se esconde nos matos e isso é perigoso porque corremos risco aqui".

O morador afirma que metade do bairro ficou esquecida pelo poder público. "A prefeitura nem lembra que existe essa parte do bairro, eles cuidam só de uma parte, aqui estamos completamente abandonados pelo prefeito. Moro aqui há muito tempo e sempre foi assim, daqui a pouco temos que sair desmatando as ruas para conseguir trafegar".

Um casal de idosos também enfrenta problema para caminhar pelas ruas do bairro, mas a reclamação não é apenas no período da noite não. Maria Gregório, 84 anos, afirmou que tem problemas nas pernas e não consegue caminhar pelas ruas, devido ao desnível.

"Eu não posso sair aqui, não posso ir ao mercado com tranquilidade porque corro o risco de cair. Eu tenho problema nas pernas, sair de casa é um risco para minha saúde. Já vi pessoas caindo caminhando aqui, não é nivelada a rua, tem buracos, cascalho, quando chove parece um rio aqui, é horrível", diz a moradora.

O marido de Maria, Anísio Gregório Rodrigues, 86 anos, diz que comprou a casa própria há 15 anos na Rua Eteoclécio Ferreira e só enxerga retrocesso na região. "Essa parte aqui está esquecida, mas a outra parte está bonita, quem anda pro lá pensa que os moradores do Jardim das Perdizes vivem bem, mas não é bem essa a nossa realidade, depende de onde. Aqui é assim, matagal, ruas em situação crítica, enquanto os políticos levam todo o nosso dinheiro do imposto".