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29/01/2017 15:53

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PM transmite a própria morte, ao vivo, pelas redes sociais

O soldado Douglas Vieira, de 28 anos, estava lotado no 24º BPM (Queimados)

A tragédia pessoal de um policial militar — que filmou e transmitiu sua própria morte na noite de sábado — viralizou nas redes sociais, provocando comoção entre amigos, internautas e PMs que vivem uma das mais graves crises da corporação, com atrasos de salários e aumento da violência contra a própria corporação. Antes de atirar contra si mesmo, o soldado Douglas Vieira, de 28 anos, lotado no 24° BPM (Queimados), que passava por um processo de divórcio, disse: "E aí, tranquilidade? Tamu junto. Quero ver quem tem disposição pra ver bagulho ao vivo. Quem não tem estômago, mete o pé. O bagulho vai ficar doido agora". Em seguida, apontou a arma na cabeça e atirou. Nas imagens não é possível ver o PM morto, já que o celular cai da mão dele e a imagem some.

Durante a transmissão, enquanto o policial falava, muitas pessoas pediam para que ele não cometesse o suicídio. "Pelo amor de Deus, Douglas", "para com isso!", "Por que você fez isso?" e "Douglas, para de bobeira" são algumas das mensagens que amigos do PM enviaram. A transmissão estava disponível apenas para os amigos do soldado.

Rayane Cristina dos Santos, de 25 anos, ainda é casada com Douglas no papel, mas moravam separados há um ano. Eles têm uma filha, Luísa, de 1 ano e 3 meses. Segundo a jovem, Douglas tinha histórico de depressão e já foi internado quatro vezes na psiquiatria do Hospital Central da Polícia Militar. Da última vez, ficou uma semana internado após tentar se matar ingerindo bebidas e medicamentos.

— Ele tinha histórico de depressão, mas a gota d'água foi o atraso nos salários. Era muito certinho com as contas. Nos últimos meses, muitas vezes me ligava desesperado. Dizia que estava endividado e não sabia como iria pagar o aluguel — contou.

Ainda segundo Rayane, Douglas ligou para avisar o que faria.

— Ele já tinha ameaçado se matar outras vezes. Ontem à noite me ligou, uns 20 minutos antes, dizendo o que ia fazer, mas não acreditei porque ele já tinha falado isso antes. Era um ótimo pai. Sempre pedia que eu só falasse bem dele para ela. Nossa filha dormiu com ele da noite de sexta para sábado. Busquei ela às 7h na casa dele e, à noite, ele se matou — contou.

Segundo uma amiga de Douglas, que assistiu ao suicídio e preferiu não se identificar, cerca de dez minutos antes de se matar, ele fez uma primeira transmissão ao vivo, em que dava a entender que poderia de fato se matar. Segundo ela, quem viu o vídeo acreditou que o PM estava fazendo uma "brincadeira de mau gosto".

— No primeiro vídeo eu fiquei até zoando ele, mandando ir dormir, mandar alô. Essa transmissão foi uns 10 minutos antes da última. Ele dizia que tinha muitas pessoas que o conheciam somente por rede sociais e que pouco o conheciam verdadeiramente. E disse que queria deixar um recado: que se tivemos algum amigo que vacilou, outro iria dar moral para gente. Ele, então, falou o nome de dois amigos e disse que um dia eles iriam se reencontrar. Ele colocou a arma na cabeça, mandou beijo e encerrou a transmissão. Depois ele fez a outra. Até um pouco depois do disparo, eu achei que ele estava fazendo uma brincadeira de mau gosto. Depois, ligamos várias vezes e nada. Foi quando me dei conta de que era real — disse.

Às 22h34m, pouco antes da transmisão, Douglas postou um vídeo da música "Kungs vs cookin’ on 3 Burners", do grupo The Girls, dizendo que quando tocasse, era para se lembrar sempre dele, pois gostava muito.

Segundo Clenilson Cruz, padrinho de Douglas, o corpo do policial foi retirado da casa dele, em Brás de Pina, na Zona Norte do Rio, por volta das 5h da manhã deste domingo. A ex-mulher de Douglas e Cleonilson já estão no IML. Ainda não há informações sobre o velório e enterro do policial, que estava há seis anos na corporação.

De acordo com Cruz, Dogulas estava muito triste e "reclamava de tudo". Apesar das mensagens associando a morte do PM à crise no Estado, Clenilson afimrou que podem haver outras motivações que levaram o PM a tirar a própria vida.

— Ele andava muito para baixo. Além da falta de pagamento, estava se divorciando e trabalhando muito, fazendo segurança privada. Estou muito triste porque ele me chamou para sair ontem e eu não aceitei o convite. Se estivesse com ele, isso não teria acontecido. Infelizmente, só o Douglas mesmo sabia o que teria motivado esta tragédia. Ele era um cara que gostava de curtir a vida. Não consegui até agora entender o que aconteceu — disse.

Ainda de acordo com Clenilson, ele recebeu a notícia por uma prima que assistiu a transmissão. O vídeo original não está mais disponível na página do policial. No entanto, outras cópias circulam pelo Facebook e pelo YouTube.

— Recebi a notícia por volta de 23:50. Minha prima me ligou contando. Fiquei desesperado. A família toda assistiu.Não sei o horário certo em que aconteceu — contou.

Rio registra 17 mortes de policiais militares em um mês

Desde o começo do ano, 17 policiais militares foram assassinados no estado do Rio. A última morte ocorreu na última sexta-feira. O sargento Artur Fernando Riberio Moura, do 6º BPM (Tijuca), saía de um banco na Avenida Nossa Senhora de Copacabana quando foi surpreendido por suspeitos numa moto que atiraram duas vezes contra o rosto e tórax da vítima. O crime ocorreu em frente a uma agência bancária. Segundo agentes da 13ª DP (Ipanema), o homem não resistiu e acabou morrendo.

A vítima foi atendida por uma ambulância do grupamento marítimo do Corpo de Bombeiros. A ambulância foi acionada na rua por pedestres que se impressionaram com a cena.

Há cerca de uma semana, um ato de manifestantes nas areias da Praia de Copacabana, na Zona Sul do Rio, alertou para a violência contra policiais. Com cartazes, o grupo pediu mais segurança de trabalho e revisão da legislação penal.

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