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14/12/2017 07:00

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Sem ajuda: investigação sobre vazamento de imagens que resultaram em morte de adolescente trava

Karina Saifer Oliveira cometeu suicídio após ser vítima de revenge porn e bullying, e também teve fotos da morte divulgadas

Investigações paralelas que envolvem a morte da adolescente Karina Saifer Oliveira, que cometeu suicídio aos 15 anos, seguem como prioridade da polícia civil em Nova Andradina, a 300 km de Campo Grande. No dia 7 de novembro, ela interrompeu a própria vida após ter fotos íntimas vazadas na internet e, após falecer, também foram espalhadas fotos do suicídio, cometido na varanda de sua casa.

Delegada responsável por apurar quem teria compartilhado as fotos íntimas, Daniela Oliveira Nunes comenta que há certa dificuldade em obter informações a partir dos jovens que eram colegas de escola de Karina. O motivo, suspeita, seria o receio dos adolescentes em se envolver com a situação, que provocou onda de arrependimentos sobre a forma que tratavam a vítima, ainda em vida.

“Ela sofria muito bullying, todos demonstram muito pesar sobre a morte, e acabam não dizendo nada por receio de alguma coisa. Quando envolve adolescente, acabam ficando com medo, muitas vezes não querem falar, mas já analisamos as trocas de mensagens em grupos, estamos pouco a pouco avançando, a investigação está a todo vapor”, declara a delegada.

Mais pessoas devem ser ouvidas ao longo do mês e em janeiro, como professores, coordenação da escola e membros da família da jovem. 
As imagens de seu corpo desfalecido foram distribuídas em redes sociais e chegaram até uma de suas irmãs através de um grupo de WhatsApp. Revoltata, a família afirma que apenas o perito e a polícia estiveram no local e não tem ideia de como as fotos vazaram, e registraram boletim de ocorrência.

Esta investigação sobre a divulgação está sob responsabilidade do delegado regional André Noveli. A reportagem tentou entrar em contato para saber se há suspeita de quem as teria divulgado, mas não conseguiu falar com Noveli até a publicação desta matéria.

Traumas e decisão fatal

Aos 14 anos, a adolescente teria conhecido um rapaz de 17 com quem teve uma relação sexual. A história se espalhou pela cidade, de apenas 50 mil habitantes, e pela escola, de 900 alunos. Havia a fofoca de que ele divulgou fotos íntimas dela, como um troféu.

Karina sofria perseguição de colegas, que implicavam com ela, especialmente seu cabelo afro. "Ela era muito perseguida na escola. Depois que ela morreu, nós pegamos mensagens de alunos no WhatsApp dela, de ódio, de alunos que zoavam o cabelo dela por ser meio afro, porque ela usava chapinha. Vinham há mais de ano provocando ela", revela Aparecido Oliveira, pai da jovem.

No dia de sua morte, Karina almoçou na casa da mãe, junto com o padrasto. Porém, quando Angela voltou da usina, não a encontrou no quarto. "Ela era bem estudiosa. Até no dia em que aconteceu isso daí, ela me mandou uma mensagem, falou: 'mãe, posso ir fazer um trabalho? preciso de nota'. Eu perguntei onde era e ela não respondeu mais. Aí eu fiquei meio preocupada, mas pensei que ela tivesse saído".

Karina, no entanto, ficou em casa. Enforcou-se na varanda. "O celular dela estava em cima da cama. Chamei: 'Karina!'. Ela não respondeu. Eu vi a porta do fundo aberta. Deixei minha mochila em cima da mesa. Na hora que eu cheguei no fundo, deparei com aquela cena. Jesus Cristo! Eu não desejo isso para mãe nenhuma. A gente não sabe o que passa na vida da gente. Se eu soubesse...", contou Angela, em entrevista ao BuzzFeed News.

 

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