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21/11/2013 08:00

A volta por cima do Pernambucano que conquistou a Capital com os sabores e as cores do Nordeste

"Chuva e sol, poeira e carvão, longe de casa, sigo o roteiro". O grande mestre do sertão, Luiz Gonzaga, exprime perfeitamente a situação que o pernambucano Romero Bastos Quirino enfrentou ao chegar à Cidade Morena nos idos de 2002. Há 9 anos tocando com maestria a Tapiocaria Pernambucana, o "Pernambuco", como todos o conhecem,  é a figuraça que traz à terra da carne com mandioca, todo o folclore e a culinária típica de Recife para Campo Grande.

"Cheguei aqui com um emprego de gerente numa loja de motos. Meu supervisor em Recife me deu duas passagens para conhecer MS e fiquei encantado. Conheci Corumbá, Passo do Lontra e Campo Grande. Surgiu uma vaga e não pensei duas vezes: trouxe toda a minha família", conta o Pernambucano, como tudo começou.

A Tapiocaria Pernambucana surgiu diante da necessidade de continuar a viver e lutar pela sobrevivência da família. Após a morte do dono da loja de motos em que era gerente, Romero perdeu o emprego e começou a vender tapiocas na garagem de sua casa. "Não tinha como voltar para Recife. Logo no começo, eu comprei uma casa e um Vectra zero km. Terminei com uma Belina, pois fui trocando o carro por outro inferior em busca de mais dinheiro para continuar a sustentar o negócio. Ao final, já não tinha mais carro, só ficou a casa onde a Tapiocaria funciona hoje."

 Pernambucano com sua nova namorada, Rosinha. Foto: Vanessa Ricarte

Persistência - Durante 4 anos, Pernambucano utilizou um carrinho semelhante ao dos catadores de recicláveis para ir a pé ao mercado comprar os ingredientes das tapiocas. Sem nenhum traço de pudor, Romero relembra com orgulho a difícil situação pela qual a família passou: "além do carrinho, comprei um freezer velho e dois fogões usados. Abria 4h da madrugada e fechava às 23h. Revezava com a minha filha no atendimento e tinha um colchonete em que dormíamos embaixo do balcão. Eu tinha alugado 3 conjuntos de mesas com cadeiras a R$ 5 cada. Um dia, o dono veio me cobrar. Não tinha 15 reais na carteira para pagar a locação", desabafa em tom de consternação, já que recordar é reviver.

Resistência - Após muitos anos de trabalho árduo, Pernambucano não desistiu. Seguiu firme em seu propósito e os resultados positivos começaram a aparecer. "A Tapiocaria Pernambucana caiu na graça do povo", relembra Romero com um brilho no olhar. Ele e sua família conseguiram melhorar a situação financeira, pois perceberam que não precisavam vender mais nada dentro de casa manter o restaurante.

Choque de culturas - Ao chegar à Capital, Romero conta como Recife era diferente de Campo Grande. "Eu pensava que na cidade havia só Pantanal, índios e onças correndo pela rua. Infelizmente, é isso que as pessoas de fora pensam daqui. Enquanto que quem é daqui achava que eu tinha feito alguma coisa errada, pois me olhavam com desconfiança. O que um nordestino faz em MS? Será que cometeu um crime e está fugindo para a Bolívia ou Paraguai? Já me perguntaram também se eu conhecia pacote de arroz vendido no mercado. Muitos acreditam que quem é do Nordeste come calango e passa fome."

As cores do Nordeste - Hoje, a Tapiocaria Pernambucana tem no cardápio mais de 50 sabores de tapioca, além de outros pratos típicos da culinária nordestina, como a buchada de bode e o escondidinho de carne seca. Devidamente acompanhados da consagrada manteiga de garrafa e regionalizados com uma porção de mandioca amarela.

A exemplo do aclamado restaurante Mocotó, do chef de cozinha Rodrigo Oliveira em São Paulo, a Tapiocaria Pernambucana resgata, através da gastronomia do Nordeste, lembranças daqueles que deixaram a terra natal em busca de novas oportunidades de vida em outros estados do país.

O Pernambucano atende aos nordestinos que matam a saudade através da experiência do sabor do "Norte" e aos entusiastas à procura de novas experiências gastronômicas. "Acredite se quiser, tenho muitos clientes descendentes de japoneses aqui na Tapiocaria. Eles adoram", conta Romero.

Nova atração - Para quem não sabe, Pernambucano dança com uma boneca especial que trouxe do Recife chamada Cidinha do Forró. Agora, coleciona mais uma nova "namorada", Rosinha, arretada que só.

 Pernambucano com sua nova namorada, Rosinha. Foto: Vanessa Ricarte

"Minha intenção é oferecer uma comida típica gostosa e fazer algo diferente, alegrar meus clientes. Eles esquecem dos problemas do cotidiano. O riso é a minha maior satisfação."

A Tapiocaria Pernambucana é assim: revive memórias, histórias, cores, cheiros e a luta do bravo povo nordestino. Uma lição para quem gosta de boa comida e um exemplo de superação para vencer na vida.

A Tapiocaria Pernambucana fica na R. José Paes de Farias, 77 - Vila Jacy.

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