Campo Grande, Aquidauana, Bodoquena e Miranda têm recebido, desde o dia 14 de agosto, cerca de 700 militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica de todo o país e, ainda, dos Estados Unidos, para o 6º Excon Tapio, um exercídio do Ministério da Defesa e que envolve os municípios de Campo Grande, Aquidauana, Bodoquena e Miranda.
Campo Grande vira palco para o projeto desde o ano de 2018 e, durante o treinamento, os militares realizam atividades focadas em treinar capacidades das Forças Armadas, em operações que simulam cenários de guerra irregular, ou seja, uma guerrilha, terrorismo, insurgências e outras situações não estatais nos limites territoriais de uma nação.
Ao todo, são mais de 700 militares, 30 aeronaves em exercício, 26 unidades operacionais, 16 organizações militares inter-relacionadas e 3 esquadrões participam do treinamento que envolve, entre outras coisas, exercícios individuais e em grupos.
Desta forma, os exercícios são realizados em terrenos dinâmicos, com o emprego de agentes variados, tanto em terra, quanto no ar, posto que são simuladas, ainda, situações de busca e salvamento.
Sobre isso, o comandante de Missão para as Forças da Guarda Nacional dos EUA no Brasil, e comandante do Grupo de Operações em Nova York, responsável por todas as operações de busca e salvamento, coronel estadunidense Jeff Cannet afirmou ao TopMídiaNews que a integração entre os dois países é importante para o desenvolvimento das equipes das duas nações.
Jeff Cannet salientou a importância da cooperação entre Brasil e Estados Unidos (Foto: Wesley Ortiz)
"Uma das razões pelas quais tivemos que vir aqui é que nós temos um laço, nós dois [países] fazemos busca e salvamento, então nós amamos vir aqui e treinar neste ambiente, e aprender o que pudermos com os nossos parceiros do Brasil, e mostrar a eles o que aprendemos em campo. Então, nós tivemos que vir aqui, praticar nossas habilidades, trocar algumas ideias, e tentar fazer um ao outro melhor."
Tivemos, ainda, a oportunidade de conversar com o Comandante do GAv 7/8º (Grupo de Aviação) de Manaus, o Tenente Coronel Michelson Abraão Assis, de 42 anos, que nos explicou que o grupo atua em operações de busca e salvamento nas mais variadas situações, incluindo catástrofes, desastres aéreos e outras.
Duas das experiências que mais o marcaram foram o resgate das vítimas do acidente da Gol, em 2006, bem como, do acidente da Air France. Para além disso, ele conta, também, um resgate emocionante que conseguiu fazer em janeiro deste ano.
A equipe foi acionada para atender a um caso em uma aldeia Yanomami, onde uma mulher estava havia três dias em trabalho de parto, o bebê estava com o bracinho já para fora do corpo da mãe, e a única forma de chegar até o local era pelo céu.
Resgatada, a mulher foi levada para o hospital, onde foi feita uma cesárea de emergência. Inicialmente, os esforços foram realizados para tentar salvar pelo menos a vida da mãe, já que não havia esperança de salvar o bebê. Tanto, que os médicos fizeram a cirurgia, e colocaram o bebê sobre a bancada, em uma espécie de bandeja, acreditando que ele estava morto e, em um momento que inundava a sala de tristeza, foram dar atenção à mãe.
Para surpresa e espanto de todos, o pequenino, que havia fraturado a clavícula, dado todo o processo, começou a chorar e, para a equipe obstétrica, aquilo foi praticamente um milagre, levando em consideração a história cheia de percalços.
Michelson relatou operações que o marcaram durante sua trajetória na Força Aérea (Foto: Wesley Ortiz)
"Para mim, foi meio que um 'coroamento': salvar essa criança alí, no meio da floresta, um voo difícil, tempo fechado, a gente quatro horas sem comunicação, toda a dificuldade da região amazônica... Mas como eu falei, no final do dia, valeu a pena arriscar. Então, eu tenho a foto desse garoto, tenho a foto da mãe, e quando o meu bebê crescer eu vou falar, 'o papai fazia isso aqui.'"
As atividades do 6º ExconTapio seguem até o dia 1º de Setembro na Base Aérea de Campo Grande.
