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Loira do banheiro

09/02/2022 11:08

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Já ouviu falar da Mulher do Algodão? Lenda está presente em escolas de Campo Grande

Mulher do algodão, mulher do algodão doce, mulher da faca... Veja as versões locais da 'loira do banheiro'

Na correria da vida cotidiana, nem sempre temos tempo para pensar nos detalhes que nos cercam. Uma rua fica sendo apenas o trajeto necessário que nos leva de um lugar para o outro, um bairro parece somente um lugar onde, por acaso, nossa casa se encontra. Mas por trás de todo logradouro existe um nome, uma história – e infinitas outras que orbitam ao seu redor. E revelar estas narrativas, construindo uma outra relação com o espaço público, é o trabalho da educação patrimonial.

Foi para fortalecer essas relações de afeto que em 2006, mais de dez anos atrás, a prefeitura de Campo Grande/MS realizou o projeto “Histórias que os bairros contam”. Alunos das escolas públicas da capital foram convidados a reunirem em seu bairro as histórias fantásticas, os causos, os seres mais marcantes. Num segundo momento, cada personagem seria transformado em um mamulengo, num desfile de encerramento.

O resultado foi dos mais variados. Alguns colégios exploraram as histórias curiosas sobre personas reais, moradores de rua, gente conhecida, fundadores do bairro. Outros se voltaram para a escola, preferindo relatos que se passaram com funcionários ou moradores das redondezas do ambiente escolar. E houve ainda os que acabaram se atendo mais ao relato de uma só pessoa. Abaixo, fizemos uma seleção dos contos que envolvem lendas urbanas, fornecendo um breve panorama daquilo que causa espanto em cada região da cidade.

Percebam que os temas das lendas urbanas são muito concretos: divórcio, estupro, violência urbana, sequestro. Mesmo assim, em sua objetividade moderna, geram episódios fantásticos. Há ainda o medo do desconhecido, o outro misterioso que pode estar representado na caroneira que se revela um espírito ou na paquera que se revela morta há muito tempo. A regulação social do imaginário permanece viva, os mitos se transformam para cumprir seu papel ancestral.

Mulher do algodão

A versão mais conhecida no Cerrado da “mulher de branco” que assombra as escolas é a Mulher do Algodão. No Jockey Club, os alunos da E. M. Padre José Valentim encontraram uma narrativa bastante cruel. Dizem que o fantasma era uma menina que foi estuprada e morta no banheiro da escola. O homem que a matou colocou algodão na sua boca, arrastou seu corpo até a privada, chutou seu corpo e ainda a xingou. Para fazer com que a aparição surja, é preciso dar três chutes no vaso sanitário e falar três palavrões.

Uma alternativa colhida na mesma escola é a lenda da Mulher do Algodão Doce! Dizem que era uma merendeira da escola que, enquanto fazia doce, foi esfaqueada pelo guardinha. Na sua maldade, o homem colocou algodão no nariz, na boca e nos seios da mulher, que foram cortados. O corpo foi mais tarde enterrado no banheiro do colégio. O encanto, aqui, é um pouco mais complexo: é preciso chutar o vaso, dar descarga e falar palavrão, sempre três vezes seguidas. Então se deve apagar e acender a luz e abrir e fechar a torneira. Quem fizer isso, ao abrir a porta do box, vai dar de cara com o fantasma.

Muito parecida é a história colhida pela E. M. Múcio Teixeira Junior, na Vila Carlota: a Mulher da Faca. Dizem que é um espírito que tem raiva das crianças, por que teria sido uma a responsável por sua separação do marido. O fantasma, famoso por decapitar crianças, aparece quando se chuta o vaso três fazes e se fala três palavrões. Interessante é que há também um ritual de esconjuro: para que ela suma, basta dizer o nome de três belas flores.

Andriolli Costa é pesquisador especializado em lendas brasileiras. Texto retirado do blog O Colecionador de Sacis.

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