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03/11/2013 09:40

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Luthier de MS relembra histórias da música regional através de sua arte

Música e arte

A música de fato nos traz determinados sentimentos: paz, euforia, alegria ou mesmo saudade. Do outro lado do som que chega aos nossos ouvidos, existe um profissional capaz de ajustar os instrumentos para que a melodia se transforme em sensação - o luthier.

A palavra Luthier, que é francesa, deriva de luth ("alaúde"). O termo luteria (do francês lutherie) ou luteraria designa a arte da construção de instrumentos de cordas ou loja desses instrumentos.

Acir, uma das autoridades no assunto da luthieria em Campo Grande, hoje dedica-se em tempo integral à arte de afinar e ajustar os instrumentos. Mas sua história vai além - dos desafios na vida, da simplicidade, a carreira de músico culminaram com sua devoção aos instrumentos musicais.  

Dedicação à música


Acir Garcia Maciel nasceu no dia 08 de julho de 1943, em Rio Brilhante, Mato Grosso do Sul. Ele, que sempre foi apaixonado pela música, começou a cantar e tocar com apenas 10 anos de idade, quando ainda trabalhava na roça. Na adolescência, mudou-se para a cidade de Fátima do Sul, onde trabalhou em uma marcenaria. A experiência serviu de base para que manipulasse instrumentos feitos de madeira.

Aos 17 anos, Acir literalmente sonhou com uma harpa. Foi quando nasceu o desejo e a paixão pelo instrumento. Durante o trabalho como marceneiro, tentou fazer uma harpa com um caixote, mas não saiu como o esperado. A partir de então, surgiu a necessidade do aperfeiçoamento e ele o atingiu através da prática.

Em dezembro de 1960, Acir se mudou para a Capital. Pelo fato de ser muito apegado ao irmão, um pedido foi o suficiente para ele mudar de cidade, mesmo sabendo que iria enfrentar muitas dificuldades e necessidades.

Disciplina, carreira e paixão


O luthier começou a carreira tocando violão e acordeão, mas como músico profissional tocava harpa paraguaia nas festas da região.

Durante cinco anos, entre 1977 e 1982, Acir formou dupla com Florito. A dupla foi um grande sucesso. Eles cantavam e tocavam as músicas de maiores sucessos do Paraguai em português. Dentre vários discos, um dos que mais se destacaram foi “Seleção de Ouro”, é onde estão as duas músicas de maiores sucessos da dupla, Rosa Branca e Fim do Nosso Amor. Para Acir e Florito foi um grande desafio, já que traduziam as músicas de guarani para português. Era época da censura durante a ditadura militar. Ao criar versões em português das músicas paraguaias cantadas em guarani, tinham que buscar sinônimos que se encaixassem perfeitamente na melodia da música, além de não atrair os olhares da censura.

Ele relembra um fato que marcou sua vida: a TV Bandeirantes convidou Acir para tocar harpa na Avenida Paulista, no aniversário de São Paulo, em 1969, motivo de orgulho para o luthier sul-mato-grossense.

Acir encerrou sua carreira sete anos atrás, após gravar dois discos gospel com seus filhos, que se titulavam como “Trio Mensageiros do Rei”.

Um olhar no passado e os pés no presente


Hoje, na loja Luthier Acir, ele trabalha com consertos e reformas de instrumentos acústicos, afinação e regulagem de pianos e ainda constrói harpas sob encomenda.

No final da década de 80, Acir começou a fabricar instrumentos para exportação. Depois de prontos, eram enviados, por intermédio da empresa Instrumental Ferraz, para a empresa Del Vecchio, em São Paulo e de lá era exportado para vários países, como Alemanha, Espanha, França. Mesmo sem o devido reconhecimento pelo seu trabalho, Acir fez isso durante 10 anos.

Acir deixou sua carreira como profissional, porque como diz ele, “Enjoei! Não gostava mais de tocar obrigado, porque quando você tem um compromisso, querendo ou não, você tem uma obrigação”, afirma.

“Eu tenho muita bagagem, mas encontrei muitas dificuldades e desafios na minha carreira”, revela Acir. Segundo o profissional, sempre viveu da música, de manhã fabricando instrumentos, à noite tocando. Parte da sua renda vinha também da venda de alguns discos, ou seja, através da música, Acir conseguia sustentava sua família.

Hoje, ele toca somente em casa com seus filhos e na igreja. Comanda sua loja e dá assistência aos instrumentos do Moinho Cultural de Corumbá. Também é reconhecido por ter feito a harpa paraguaia do músico e instrumentista Marcelo Loureiro.

A loja do luthier está na Rua Dom Aquino, nº 960, próximo a Av. Ernesto Geisel. 

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