Há cinco anos, uma consulta de rotina no ginecologista mudou a vida de Geisiane Freitas Louzan,  na época com 26 anos. O histórico familiar denunciava e, do médico, veio a sentença: “na sua situação, você não pode ser mãe. Só se Deus olhar para você e querer te tornar uma, pois por meios naturais não tem como”. Diagnosticada com endometriose e ovário policístico, hoje ela comemora mais um Dia das Mães de forma intensa, grávida de sete meses do segundo filho.

Bem, com esse diagnóstico e em um relacionamento sério com Renato, Geisiane sabia que não poderia ter uma família completa, até fevereiro de 2011. “Na época eu bebia muito e comecei a ter muito enjoos, mas achava que era uma ressaca básica. Até que me convenceram a fazer um exame de sangue, constatei que estava grávida do meu primeiro bebê... Que receberia o nome de Bruno”, lembra.

Foram as quatro semanas mais intensas da vida da família, todos se envolveram na gestação, só que infelizmente não foi ali que os Louzans teriam uma criança. “Foi apenas um mês. Entre um exame e outro dos primeiros do pré-natal, eu perdi liquido amniótico sem saber, pois não tinha conhecimento nenhum. Quando cheguei ao hospital... Perdi o bebê, com 12 semanas”. Ali, após a “raspagem”, se descobriu que era um menino. “Independente da situação, passar por um aborto é muito difícil”.

Era março de 2013, quando os mesmos sintomas confirmaram a segunda gestação. “O meu primeiro Dia das Mães, eu passei grávida do Felipe. Eu não sei como explicar o que é passar por isso, desde o primeiro momento é uma coisa muita louca! É uma alegria muito grande, saber que em algum momento eu agradei o coração de Deus e ele me presenteou dessa forma”.

Nascia o pequeno Felipe, um prodígio da música, o verdadeiro “preenchimento” da casa. “Ele é uma criança atípica. Tem a personalidade já formada e é um músico inegável, quem convive com ele sabe. Ele é apaixonado por nós, do jeitinho dele. É muito intenso ser mãe do Felipe [risos]. Realmente é um presente muito valioso que Deus me deu”. Com quase três anos, Felipe ama tocar instrumentos percussivos. De um lado para o outro da casa, se escuta a voz dele pedindo o “pum pum pá”, nome dado às baquetas da bateria.

Foto: Arquivo Familiar

O segundo milagre

Gê, como também é chamada, foi para uma viagem com as amigas da igreja, em Cuiabá. Foi ali que ela teve a primeira confirmação de mais um presente dos céus, em outubro de 2015. “Ali eu tive a confirmação de que estava grávida. Uma irmã da igreja também sonhou comigo, mas eu não acreditei. Estávamos passando por uma fase ruim financeira, de mudança de casa e tudo mais, não era um momento propício”.

Renato, Gê já grávida de Noah e o pequeno Felipe - Foto: Arquivo Familiar

Alguns dias depois, Gê precisou ir para o posto de saúde, onde o médico pediu um exame de Beta HCG. Ela estava esperando pelo segundo filho, a terceira gestação. “Os primeiros meses eu não assimilei, eu não curti. Hoje, completando 28 semanas, já consigo me organizar e esperar pelo Noah, pois já já eu estarei com os meus dois filhos nos braços. Sei que cada mãe tem suas particularidade, mas para mim esse Dia é muito mais que especial, eu nem consigo resumi o que significa para mim”.

Entenda

De forma resumida, a endometriose é um distúrbio em que os fragmentos do endométrio (parede uterina interna) “surge” fora do órgão. Quando se é diagnosticada com endometriose, nos casos da leve e moderada, a mulher precisa fazer um tratamento intensivo para poder engravidar. Quando a situação é avançada, é indicado o procedimento cirúrgico chamado vedeoparoscopia, mas, dependendo, a gravidez será possível só por meio de procedimentos de fertilização in vitro.

Já a SOP (Síndrome do Ovário Policístico), é o um distúrbio hormonal que causa a dilatação dos ovários, com pequenos cistos na parte externa. A SOP é responsável por cerca de 30% dos casos de infertilidade feminina, mas possui tratamento e, muitas vezes, a gravidez é possível através de fertilização, como a endometriose.