Desde março do ano passado, início da pandemia, muitos trabalhadores precisaram intensificar o uso das redes sociais, como, por exemplo, o WhatsApp. 

Como muitos profissionais estão trabalhando de forma remota, o chamado home office, houve o aumento no uso dessa ferramenta e também a falta de controle de quantas horas são trabalhadas por dia, já que, muitas vezes chegam demanda fora do horário que seria o expediente. 

Uma trabalhadora entrevista pelo TopMídiaNews, que prefere a identidade preservada, contou que, durante a pandemia, se sente na obrigação de estar sempre ‘a postos’. 

“Acredito que no meu caso não chega a afetar a saúde mental, mas a sensação é de estar sempre “a postos”, porque a qualquer hora pode chegar uma mensagem – que pode ser só algo para programar para a semana, como pode ser algo mais trabalhoso, que vai ocupar boa parte do meu fim de semana – e o que estava programado para ele. Isso gera uma sensação de cansaço constante, porque nunca consigo me desligar 100% do trabalho”, revela. 

Como trabalha em escala de plantão, ela revela que muitas vezes as demandas solicitadas fora do horário poderiam esperar. 

“O ponto é que, muitas vezes, são assuntos que podem ser tratados normalmente durante o horário de expediente, não são realmente urgentes. E quem demanda por vezes nem percebe a sobrecarga que isso causa. Cada mensagem do WhatsApp de alguém da empresa fora do horário acaba gerando uma resposta estressante, mesmo que seja apenas um aviso ou lembrete por parte dos superiores. Claro que tem situações necessárias de atender em horário extra, mas eu diria que não é nem metade”. 

A profissional destaca que se pudesse dar um conselho é que as pessoas se posicionam com respeito. 

“Com educação, claro e tentar mostrar que está disponível fora do horário somente para o que for realmente urgente. Estipular horários para olhar o celular – e até combinar que se for realmente urgente, para telefonar, ressaltando que ligações devem ficar apenas para esses casos”, revela. 

Opinião de um profissional 

A psicóloga Giuliana Elisa dos Santos destaca que, atualmente, é ‘natural’ passar a maior parte do dia conectado. 

“O WhatsApp é uma das ferramentas mais ágeis que facilitam a comunicação entre as pessoas, inclusive a maioria das empresas incorpora esse recurso na rotina do dia a dia de trabalho, em uma linha direta de comunicação entre o empregador e o trabalhador”, explica. 

No entanto, segundo a profissional, é preciso que as empresas não abusem do uso correto da ferramenta, sem extrapolar i horário de expediente do colaborador, que acaba recebendo mensagens e ligações em seu horário de descanso, inclusive nos finais de semana.

“Diante disso, é muito importante saber que não existe nenhuma obrigatoriedade de se responder a uma mensagem fora do expediente. Os horários de descanso precisam ser respeitados, pois, temos o direito de desconectarmos do trabalho”, explica. 

“Legalmente, hoje sabemos que mensagens de WhatsApp fora do horário de trabalho, podem gerar processos e muitas empresas arcam com pagamentos de horas extras e mesmo danos morais ao trabalhador”, complementa. 

Além das implicações legais que isso pode ocasionar, tem os impactos na saúde emocional do colaborador. 

“A pergunta é: como impor um limite para que não aja uma conduta abusiva? Pois, então, a resposta não é tão simples. Porém, se passou do horário de trabalho, você notou que é assunto profissional, não responda. Dentro do horário comercial, você responde. Assim, você demonstra sutilmente para o outro, que fora deste horário, você não está disponível”, pontua. 

A psicóloga explica ainda que não é preciso que o profissional tenha medo de retaliação e que exponha o desconforto. 

“A ideia de quem está passando por excessos é poder, a princípio, conversar abertamente com o chefe ou com o colega que manda as mensagens em horários fora do expediente. Caso não seja possível negociar essas demandas, recomenda-se recorrer ao departamento de RH da empresa.  Enfim, use com parcimônia o WhatsApp equalize sua vida pessoal e profissional. Pese, pondere e posicione-se”, finaliza.