Entra ano e sai ano, o aumento dos famosos ‘flanelinhas’ (cuidadores de veículos), que se oferecem para dar aquela ‘olhadinha’ em busca de um ‘trocado', incomoda e até mesmo intimida, segundo os campo-grandenses. Conforme os motoristas, alguns chegam a cobrar até mais caro que os estacionamentos formais.
O acadêmico Thalysson Pereira, 22 anos, lembra que muitos acabam utilizando o dinheiro em drogas. “Não generalizando, mas a maioria dessas pessoas é viciada. Quando não damos dinheiro demonstram raiva e nervosismo”.
Ele acha a abordagem muito incômoda e destaca o uso do parquímetro. “Já pagamos o parquímetro por obrigação e deixamos nas ruas, pois não temos dinheiro para pagar estacionamento. Teve um cara que uma vez que pediu dinheiro e falou que era para comprar uma pinga. Ele ficou bravo, segurando a porta, só que nós não tínhamos”, destaca.
Problema social
A jornalista Paula Fernandes, 45 anos, argumenta que o aumento desses ‘flanelinhas’ é um problema social, sendo que o principal fator de incômodo é a abordagem aos motoristas.
“É reflexo de um problema social. Falta de emprego e de qualificação profissional porque alguns fazem isso para sobreviver, garantir a comida do dia, levar para família. Mas a maioria mesmo é de dependentes químicos que moram nas ruas e perderam o vínculo com a família. O problema é a abordagem agressiva. Alguns aceitam sua recusa, outros se impõem em tom ameaçador. Resultado: carro riscado, danificado, etc”, analisa.
A jornalista acredita que, além do policiamento, é preciso assistência social para essas pessoas. “Tentar levar essas pessoas para comunidades terapêuticas, retomar vinculo com a família. Se não, sempre vão voltar e em quantidade cada vez maior”.
'Lugar ao sol'
O administrador Fernando Campos, 27 anos, pensa que essa é uma forma digna de trabalho, já que, segundo ele, presenciou casos de pessoas que estavam em busca realmente de recursos para a família
“Acho válido, estão buscando um "lugar ao sol", um meio de trabalhar e sustentar suas famílias”.
A prefeitura de Campo Grande destaca que a prática não é regulamentada e, por isso, ilegal. Já sobre a fiscalização, não cabe a Agetran (Agência Municipal de Transporte e Trânsito), sendo que se o cidadão se sentir constrangido ou pressionado por conta desta atividade irregular deve acionar a polícia.