Denúncia de um dos profissionais que atua no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul, em Campo Grande, dá conta de superlotação no setor de emergência da unidade. Conforme o relato, a capacidade da ala é para 7 pessoas, no entanto, no último sábado (20) havia 17 internados.
As fotos enviadas mostram todos os leitos ocupados e dois profissionais naquele setor. Questionado se houve prejuízo no atendimento aos doentes, o denunciante respondeu:
''Imagina se a sala é pra 7 [pacientes] e os funcionários são para atender esse número de pacientes, quando aumenta os pacientes, o número de funcionários continua o mesmo''.
Resposta
O Hospital Regional reconhece que houve lotação na unidade, mas que nenhum paciente deixou de receber o atendimento devido.
Regulação
Questionada sobre a capacidade do hospital estar esgotada e mesmo assim continuar recebendo pacientes da central de regulação, a SES (Secretaria Estadual de Saúde) disse que a regulação de pacientes é de responsabilidade da Secretaria Municipal de Saúde.
Sesau
A Sesau informou que o HR atende pacientes de Campo Grande e todas as regiões do estado. Embora a regulação seja atribuição municipal, a responsabilidade pela gestão e rotatividade dos leitos é do hospital em questão.
A secretaria esclareceu ainda que ''os pacientes só são encaminhados pelo município ao HR quando há concordância entre ambas as partes. Ocorre que, o fluxo de atendimentos da chamada ‘demanda espontânea’, ou seja, pacientes que procuram a unidade e são atendidos sem autorização prévia da Central de Regulação, ainda é grande''.
Soluções
Para concluir, a prefeitura destacou que, ‘’a exemplo do que ocorreu na Santa Casa, onde a Sesau conseguiu reduzir em quase 50% o fluxo de atendimentos no Pronto Socorro com a implantação de uma Unidade de Acolhimento, que basicamente tem o papel de filtrar os pacientes que chegam na unidade, a expectativa é diminuir também a demanda no Hospital Regional onde uma unidade semelhante passou a funcionar no início deste mês.
(Familiar denuncia mau atendimento a idosa no HR. (Foto: André de Abreu)
Mais denúncias
Duas filhas de uma idosa de 64 anos, que está em coma desde o dia 23 de janeiro, vítima de pneumonia, reclamam da estrutura e do atendimento do hospital. Das várias reclamações, uma é de a mãe ficou suja de vômito uma semana.
"Eles não queriam limpar, eu pedi que me dessem um pano, que eu mesmo faria. Afinal, era a minha mãe e eu não tenho nojo. À noite, quando voltei, ela estava limpa", lembra.
Valdemar Moraes de Souza, presidente da Associação de Vítimas dos Erros Médicos de Mato Grosso do Sul, afirmou que acompanha o caso. Ele foi até a unidade e constatou que o aparelho que monitora os batimentos cardíacos da idosa estava desligado.
"Chamei a médica e ela disse que estava tudo certo, mas quando veio o enfermeiro, o aparelho estava desligado. A médica me disse que a paciente entrou em coma hoje, mas antes, para a filha dela, disse que a paciente estava dormindo, isso não pode acontecer", finalizou.
O dirigente prometeu levar o caso ao Ministério Público Estadual. O Hospital Regional, por meio de sua assessoria de imprensa, negou mau atendimento aos pacientes.