Os bebês, bem já poderiam ter nome de dupla de sucesso. Os sonhos e planos da mãe eram muitos, afinal, tudo estava caminhando muito bem durante todo o processo de gravidez, até mesmo um parto prematuro, tão comum em casos de gravidez gemelar. É o que conta Juliana dos Santos Cândido.
Os bebês nasceram no dia 14 de setembro no Hospital Regional com 35 semanas e 5 dias. O sofrimento começou com o parto normal forçado. Segundo a jovem mãe, “o médico não quis fazer cesariana falando que os dois estavam pélvicos, mas não estavam e foi horrível. Contraí infecção após parto porque, segundo os médicos contaram, ficou resto da placenta dentro de mim. Eu quase morri, eles queriam até tirar meu útero”, conta ela que aos 22 anos estava vivendo a segunda gestação.
Mas os bebês tinham nascido com saúde e era isso que importava para ela. “Nasceram bem, com peso bom, fizeram todos os exames e estava tudo bem”, conta ele sobre os meninos.
Quando estava próximo da alta foi que tudo mudou. “Quatro dias depois, quando eu teria alta, percebemos que o Kauê não estava muito bem, mais quietinho, diferente do irmão e o médico falou para que eu não saísse do hospital enquanto ele não mamasse no meu peito. Naquele dia ele passou a tarde toda, pois não haveria nenhum médico para atender na unidade de infecção. Desde as 10h da manhã eu percebendo que meu filho não estava bem, ele não estava mais acordado, só queria dormir, mas demoraram para vir porque o médico só atendia de manhã”.
“Insisti muito e foi quando ele foi para outro setor, eu vi que ele estava convulsionando e chamei uma enfermeira, mas me disseram que não, que ele não tinha controle dos olhos, isso foi na primeira convulsão. Eu fiquei com ele só no outro dia. Ele foi para a UTI em estado grave com infecção geral e lá descobriram o tipo de infecção que, segundo eu fui informada, pega por meio do leite”, conta sobre as variadas explicações que começou a ouvir da equipe que atendia o bebê.

Bactéria adquirida no leite
Segundo a mãe, os dois recém-nascidos só teriam ingerido leite. “Porque eles tomaram leite desde quando eles nasceram, receberam o leite na sala de parto. Quem dava [ a alimentação] era a enfermagem e teve enfermeira que deu leite para ele sem estar com luva. Ele pegou essa infecção e, pelo nome, souberam que foi através do leite”, denuncia.
“Depois dos resultados desses exames, que mostrava que a bactéria seria do leite, pegaram e me deram um monte de desculpas, dizendo que não sabiam como isso tinha acontecido, de onde tinha surgido a bactéria, mas ele não aguentou e foi a óbito após um mês e meio internado na UTI. Ele não resistiu por causa da infecção, que acabou com os órgãos dele, e os médicos dizendo que se ele sobrevivesse ficaria em cima de uma cama, que ele não ia comer e só ia vegetar”, explica a mãe, como se relembrasse cada um dos mais de 40 dias que passou se desdobrando entre cuidar da filha de cinco anos e do bebê gêmeo, que foi para casa.
Dor da perda não cicatriza
Juliana não se conforma e, por meio do sogro dela, resolveu denunciar publicamente o descaso que viveu. “É dolorido, revoltante, porque ele nasceu bem, sadio, nasceu com 2,6 quilos, maior que o irmão, e teve várias coisas que eu vi no hospital, sem limpeza adequada. Achei muitos erros, mas como sempre inventam uma história que não seria, mas pesquisando o nome seria através do leite e a única coisa que ele tomou foi leite. Eu e Kauã fizemos exames e nós não tivemos a mesma coisa, como pode ser só com ele?”, questiona sobre o fato de, hoje, ter só um dos bebês no colo.
“Não é justo eu perder meu filho que nasceu bem e pegar uma infecção hospitalar que nenhum antibiótico conseguiu combater em 1 mês e meio uma bactéria? E o que eu sofri no parto? Vir embora sem meu filho. Tenho que continuar vivendo, mas a denúncia é para que mais nenhuma mulher viva essa dor”, desabafa Juliana.
Outro lado
A assessoria de imprensa da Secretaria de Saúde do Estado não respondeu ao e-mail da redação até o fechamento desta matéria.









