Um adolescente que mora com o irmão de criação de 14 anos, envolvido em investigação contra crimes de ódio pela internet, está sofrendo represálias, mesmo não tendo ligação com os crimes, em Campo Grande.
Segundo a mãe da vítima, o enteado é quem está sendo investigado por envolvimento com grupos que promovem ódio e violência na internet, porém, outro adolescente, que também reside na mesma casa e não tem qualquer ligação com os crimes, vem sendo alvo de represálias e olhares de reprovação por parte dos moradores.
Segundo a mãe do menor, que não será identificada para preservar a identidade dos adolescentes, o menor envolvido na investigação é seu enteado e já não reside mais no local após o cumprimento dos mandados.
Ela destaca que a preocupação agora é com o filho biológico, que também tem 14 anos, mas com perfil e comportamento completamente diferente.
"Nós morávamos todos juntos, mas ele não teve qualquer participação ou relação com os atos investigados", frisou a genitora.
A mãe ainda cita que não foi achado nada nos pertences do filho que o ligue a essas práticas. "Ele é um menino centrado, diferente em postura e atitude. Ainda assim, está sofrendo represálias, olhares de reprovação, sendo julgado por algo que não fez. Isso está afetando nossa família. É injusto", desabafa.
A situação, segundo ela, se agravou com a exposição pública do endereço onde a ação foi realizada, sem que houvesse distinção entre os moradores. "Meu enteado já está em outro endereço. Meu filho, que não tem nada a ver com isso, continua aqui sofrendo. Pedimos respeito pela integridade do meu filho", pede a mãe.
A operação
Cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Campo Grande, durante a deflagração da Operação Adolescência Segura, realizada nesta terça-feira (15) em sete estados. A operação visa desarticular uma organização criminosa que operava na internet, promovendo radicalização, incentivo à automutilação, disseminação de ódio e aliciamento de adolescentes para práticas de violência.
A ação foi coordenada nacionalmente pela Diretoria de Operações Integradas e de Inteligência (DIOPI/SENASP/MJSP), por meio do Laboratório de Operações Cibernéticas CIBERLAB. Em Mato Grosso do Sul, o Dracco (Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) atuou em apoio à DCAV/PCERJ (Delegacia da Criança e do Adolescente Vítima da Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro).
No estado, foram executadas as medidas judiciais com apoio técnico de peritos criminais do Núcleo de Computação Forense do Instituto de Criminalística, cuja atuação especializada foi essencial para a apreensão e o início da análise de provas digitais relevantes à investigação.
Ao todo, foram cumpridos aproximadamente 20 mandados de busca e apreensão, com duas prisões temporárias de adultos e sete internações provisórias de adolescentes infratores, em ações simultâneas nos estados de Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.