O fim de semana e os feriados têm se tornado sinônimo de medo e transtorno para quem vive no bairro Villagio Vitoria, uma extensão do Caiobá. Gilberto Lemos dos Santos, 62 anos, aposentado e trabalhador da construção civil, relata que há anos enfrenta problemas com grupos de pipeiros que se reúnem na região e provocam prejuízos e riscos constantes aos moradores.
Segundo Gilberto, não se trata de crianças brincando." Todos homens barbados, muitos vindos de outros bairros, utilizam linha chilena ou outras linhas cortantes e rebenta os fios de energia e internet. Todo fim de semana você fica sem internet. Eles cortam fio de energia, até isso eles cortam”, afirmou.
“Aqui virou terra sem lei”
O morador afirma que os pipeiros invadem quintais e telhados enquanto correm atrás de pipas.
“Eles entram com tudo, sobem em cima das casas, pulam muro, derrubam parede de construção… é um terror. Você fica refém dentro da sua própria casa”, relata.
Gilberto diz que, por vezes, sofre ameaças e recebe respostas agressivas quando tenta dialogar. “São ignorantes, agressivos, muitos usuários de droga. Não tem conversa. Dizem que estão na rua e que podem fazer o que quiserem”.
O problema existe desde antes de ele se mudar para o bairro. Gilberto comprou o terreno em 2018 e diz que, naquele período, a situação era ainda pior. Ele conta que já houve feridos por causa das linhas cortantes.
“Já cortaram pessoas dentro do quintal. Cortou a perna de uma criança. Um motoqueiro já foi ferido e pediu ajuda aqui em casa”, lembra.
Gilberto afirma que já acionou a Polícia Militar em diversas ocasiões.“Uma vez que eu chamei, veio bastante polícia. Mas eles falaram que pipa é problema da Guarda Municipal. Que o trabalho deles é carro e moto, não pipa”, disse.
Ele relata que, quando a polícia chega, muitos pipeiros fogem, aparentemente avisados antecipadamente.
Segundo o morador, a Guarda Municipal até comparece em algumas chamadas, mas a ação não resolve o problema. “Eles passam numa rua, passam na outra, os caras fogem. Quando a guarda vai embora, volta tudo, e às vezes volta pior. É questão de minutos.”
“Isso não é esporte, isso mata”
Gilberto critica a falta de fiscalização e afirma que as linhas cortantes são um risco real.
“Isso aí mata pessoas. Mata gente dentro de casa, no quintal. Não é esporte, não é brincadeira”, desabafa.
A reportagem entrou em contato com a Guarda Municipal, que se pronunciou, por meio da prefeitura, em nota.
Nota:
A Sesdes informa que a GCM intensificará as rondas no Portal Caibá nos próximos dias. Ressalta que a segurança pública em Campo Grande é realizada em conjunto com as forças estaduais e federais, conforme a Constituição, cabendo à Guarda Civil Metropolitana rondas em prédios públicos e apoio às forças ostensivas, como a Polícia Militar.
Linhas cortantes — como linha chilena, indonésia e cerol — oferecem alto risco a pedestres, motociclistas e à rede elétrica, já tendo causado diversos acidentes e rompimentos de fiação.
A GCM desenvolve a Operação Cerol em regiões com maior uso desse material, especialmente por crianças e adolescentes, intensificando as ações no período escolar. Já foram apreendidas mais de 180 linhas cortantes.
As denúncias chegam pelo canal 153 e durante rondas, principalmente nos fins de semana. Com a aproximação das férias escolares, as fiscalizações serão ampliadas para toda a semana, cobrindo as sete regiões urbanas do município para prevenir acidentes.









