A visita da prefeita Adriane Lopes (PP) às obras de um novo complexo esportivo no Santa Emília, em Campo Grande, não foi recebida com entusiasmo pelos moradores da região, que aguardam há décadas asfalto no bairro. Enquanto a prefeitura celebra o uso de R$ 10 milhões em quadras cobertas, pista de caminhada e espaços de lazer, a população reclama que a prioridade é outra: asfalto e infraestrutura básica.
Moradora do bairro há 12 anos e voz ativa nas manifestações da comunidade, Ieda Aparecida do Nascimento afirma que a obra está longe de ser o que os moradores pediram. “Não foi a população que solicitou essa quadra. Nós não estamos sendo ingratos, mas não é isso que precisamos no momento. Existem outras urgências, outras prioridades”, desabafa.
Segundo ela, os espaços de esporte que já existem no bairro estão destruídos e abandonados, sem manutenção adequada. “As quadras que temos hoje estão tomadas por usuários de drogas. Eu mesma já presenciei pessoas fumando ao lado de crianças. Como acreditar que uma nova estrutura vai ter outro destino se a prefeitura não cuida nem do que já existe?”, questiona.
Para Ieda, a realidade do Santa Emília é bem diferente da propaganda oficial. Conhecida de moradores cadeirantes, idosos e mães de crianças pequenas, ela frisa que esse público sofre diariamente com ruas esburacadas, que se tornam verdadeiros atoleiros em dias de chuva e se enchem de poeira no calor.
“As vias próximas de escolas e creches estão destruídas. Isso deveria ser prioridade. Com R$ 10 milhões, o bairro poderia receber asfalto, valorizando as casas e trazendo qualidade de vida para todos”, afirma.
Ieda aponta que as famílias esperam melhorias há décadas, sem retorno da prefeitura. “Eu moro aqui há 12 anos, mas conheço vizinhos que estão há 48 anos aguardando o asfalto. Eles estão descrentes. O que se vê é uma obra bonita para foto e rede social, mas que não atende o que realmente precisamos”.
Para a moradora, o futuro da nova construção é o mesmo dos demais. “Se receber o mesmo tratamento das outras quadras, em um ano essa obra de R$ 10 milhões vai estar destruída. Enquanto isso, seguimos convivendo com a lama e a poeira, esquecidos pelo poder público”.









