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Campo Grande

08/01/2020 13:30

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CASO RARO: gêmeas siamesas têm corações separados, mas médicos avaliam pulmão

Bebês nasceram no último dia 3 de janeiro na maternidade da Santa Casa de Campo Grande

O estado de saúde das gêmeas siamesas Maria Julia e Luna Vitória, que nasceram com 35 semanas e são interligadas pelo tórax, é grave.

A equipe médica da Santa Casa diz que “é um desafio, pois tudo é novidade”. O caso das meninas é acompanhado pelo obstetra William Leite Lemos, pelo neonatologista Walter Perez e pelo cirurgião torácico Diogo Gomes.

Na manhã desta quarta-feira (8), eles disseram que, desde o nascimento das meninas, vários exames foram feitos e continuam a serem desenvolvidos na intenção de manter o quadro clínico das crianças estabilizado, que é o principal objetivo.

Sobre os órgãos vitais serem ou não individualizados e se é possível fazer a cirurgia de separação, o médico Walter Gomes afirmou que o caso é gravíssimo e depende de muito estudo e exames.

“É um caso bastante raro, um para cada 200 mil nascimentos. Cada caso é diferente, pois a anatomia dos bebês pode ser diferente em cada situação”, disse Walter.

Sobre o nível de complexidade de ligação entre os órgãos, o médico explica que não tem certeza de nada por hora. “Nosso objetivo agora é tentar manter estável o quadro clínico e estamos estudando e discutindo bastante. É bastante difícil, pois elas já fizeram muitos exames, mas temos algumas dúvidas sobre o compartilhamento dos órgãos”, afirmou.

Ligação complexa

A ligação das duas, segundo os médicos, está em todo o tórax e abdômen.

Segundo o cirurgião torácico Diogo Gomes, não há como precisar quais órgãos estão separados ou conectados e quais serão as técnicas utilizadas neste procedimento.

“Temos uma dúvida muito grande, principalmente com a parte cardiopulmonar, pois conseguimos algumas evidências de que cada uma tem o próprio coração, mas ainda não sabemos se tem dois pulmões e se funcionam”.

Além de definir a questão de como e do que será separado, há a preocupação da viabilidade do funcionamento dos órgãos após a separação.

“Afinal de contas, são duas crianças, apesar de serem consideradas um paciente só. Precisamos ter duas crianças depois do procedimento. Por mais que façamos todos os exames, é difícil estabelecer com precisão sobre quais órgãos estão conectados”, explicou Diogo Gomes.

Sobre a possibilidade de cirurgia de separação, a equipe medica diz que a estratégia envolve muitas especialidades.

“Cirurgias pediátrica, cardíaca, torácica, plástica, porque precisamos fazer uma reconstrução de estrutura de parede nessas crianças. Tem que ser um estudo bem minucioso e, infelizmente, não vamos conseguir definir isso com precisão, mesmo que tenhamos todos os resultados de exames disponíveis”, disse o cirurgião.

Ajuda de fora

O Hospital das Clínicas em São Paulo foi procurado para apoiar os médicos locais porque tem experiência em casos similares. "É natural que um local, embora pequeno, tenha mais casos do que outro, vai ter uma experiência um pouco melhor. Foi isso que buscamos. Mas mesmo que eles estivessem no centro de referência mundial para estes casos é preciso entender que a gravidade independe de onde o bebê está”, afirmou o médico William Leite.

As gêmeas continuam internadas na UTI (Unidade de tratamento Intensivo), entubadas, recebendo alimentação intravenosa e fazendo o uso de antibióticos. Segundo a equipe de médicos, todos os dias são feitos procedimentos investigatórios para acompanhar a saúde e vitalidade dos bebês.

“Apesar de ser um caso raro por aqui, estamos estudando a fundo, participando de reuniões com a equipe para sabermos como devemos proceder diante das dificuldades que tem este caso”, afirmou o doutor Diogo Gomes.

Os pais tem acesso livre aos bebês, acompanham todo o tratamento e recebem do hospital orientação psicológica e apoio do serviço social.

Segundo os médicos, este é o segundo caso na UTI neonatal. Houve outro nascimento de siameses no pronto-socorro, mas os bebês não resistiram e morreram logo após o nascimento.  

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