Antônio Ferreira de Araújo, 62 anos, pai de uma filha de 36 anos. Trabalhador da construção civil, popularmente conhecido como pedreiro. Morreu no dia 18 de outubro deste ano. Motivo: caiu de um andaime em uma obra na Rua Ari Mattoso, esquina com a Rua Hermelindo Larazine, no Jardim das Nações. A queda de uma altura de dois metros foi fatal.
A história de Antônio não é única em Mato Grosso do Sul. Para se ter uma ideia, só em 2014 - último dado disponível no Anuário Estatístico de Acidentes do Trabalho do Ministério do Trabalho e Emprego - foram 64 mortes em Mato Grosso do Sul. Dessas, 11 só na construção civil, além de 1.700 acidentes.
Foto: André de Abreu
O caso apresenta de forma clara uma das maiores preocupações hoje no setor: a prevenção a acidentes. A complexidade da construção civil é considerada, ainda, um desafio a ser superado na hora de evitar casos como o de Antônio.
“O setor de construção civil possui algumas características bem particulares que desafiam a prevenção de acidentes”, explica Alexandre Lindenberg, engenheiro civil e engenheiro de segurança do trabalho do Grupo Planege. Para ele, a principal medida para se evitar problemas no canteiro de obras é a conscientização, prevenção e cumprimento nas normas nacionais de segurança.
Foto: Geovanni Gomes
A opinião é a mesma do representante dos cerca de 20 mil operários de Campo Grande. “Na construção civil, o que mais pega mesmo é a conscientização e prevenção, sem ela fica complicado”, explica José Abelha Neto, presidente do Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias da Construção e Mobiliário de Campo Grande, o Sintracom.
Segundo Abelha, de 2014 pra 2016 houve uma melhora significativa nos cuidados com os funcionários. Segundo ele, a fiscalização mais rígida e a melhora nos grandes grupos ajudam na redução do número de acidentes, mesmo sem dados oficiais.
Foto: André de Abreu
“O que vemos nos últimos anos é que grande parte dos acidentes ocorre nas construções autônomas, ou seja, de pequenos construtores. Hoje as grandes empreiteiras atuam mais na conscientização e prevenção, até pela maior fiscalização”, afirmou o sindicalista.
Ainda conforme José Abelha, são dois os maiores problemas hoje: a falta de disponibilização de equipamentos de segurança aos funcionários e, mesmo com os chamados EPIs, a falta de uso por falta dos trabalhadores. “Por isso a necessidade de conscientização”, ressaltou o presidente do Sintracom.
Foto: Geovanni Gomes
Desafios
Um dos responsáveis pelo setor de segurança do trabalho do Grupo Plaenge, Alexandre Lindenberg ressalta o valor da prevenção. “É um processo contínuo, com conscientização constante. Realizamos, por exemplo, reuniões de segurança semanais”, conta.
Foto: André de Abreu
Para o engenheiro, o desafio é o seguinte: ‘manter um processo de trabalho constante que envolve planejamento, treinamentos de conscientização, procedimentos de segurança claros e documentados corretamente, além de fiscalização para garantir a eficácia do processo’.