Após subir nesta segunda-feira (5), o dólar caiu mais de 2% frente ao real nesta terça-feira, voltando para a casa dos R$ 3,21. A moeda americana perdeu força mundialmente, depois que dados fracos do setor de serviços nos EUA reduziram ainda mais a apostas de uma alta dos juros americanos ainda em setembro.
O Ibovespa subiu 0,94%, superando os 60 mil pontos pela primeira vez em dois anos. O índice do setor de serviços dos EUA, calculado pelo Instituto de Gestão de Fornecimento (ISM, na sigla em inglês), caiu para 51,4 em agosto, de 55,5 no mês anterior. Foi o número mais baixo desde fevereiro de 2010.
O cenário externo mais favorável aos mercado emergentes se sobrepôs ao doméstico, em que permanece a cautela em relação à capacidade do governo Temer de implementar o ajuste fiscal.
Para a equipe de análise da Lerosa Investimentos, a chegada do presidente Michel Temer ao Brasil, após o encontro do G20, na China, marca a efetivação do novo governo, após a confirmação impeachment de Dilma Rousseff, no último dia 31. "O monitoramento do ajuste fiscal será mais constante e consistente a partir de agora", escreve a Lerosa, em relatório.
CÂMBIO E JUROS
O dólar comercial terminou a sessão em baixa de 2,22%, a R$ 3,2100. A moeda americana à vista caiu 1,56%, a R$ 3,2205. É o maior recuo desde 14 de julho (-1,63%). Pela manhã, como tem ocorrido diariamente, o Banco Central leiloou 10.000 contratos de swap cambial reverso, equivalentes à compra futura de dólares, no montante de US$ 500 milhões.
No mercado de juros futuros, o contrato de DI para janeiro de 2017 caiu de 13,960% para 13,955%; o contrato de DI para janeiro de 2018 recuou de 12,540% para 12,500%; e o contrato de DI para janeiro de 2021 cedeu de 11,930% para 11,860%.
Os investidores repercutiram a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do Banco Central, que expressou satisfação com o progresso nas perspectivas de desaceleração da inflação. Segundo analistas, o documento reforça a percepção de uma queda da taxa básica de juros ainda neste ano.
"A ata deixou claro que o Copom quer reduzir os juros, mas que isso não depende só dele", avalia Alexandre Espírito Santo, economista da Órama Investimentos. "Eu trabalho com um cenário de corte dos juros de 0,25 ponto porcentual em outubro e outro de 0,25 p.p. em novembro. Entretanto, se o ajuste fiscal não avançar, não tem como haver redução dos juros", acrescenta o economista.
O CDS (credit default swap) brasileiro, espécie de seguro contra calote e indicador de percepção de risco, caía 2,13%, aos 251,317 pontos, no menor patamar desde junho do ano passado.
BOLSA
Após recuar em boa parte da sessão, o Ibovespa inverteu o sinal e fechou em alta de 0,94%, aos 60.129,44 pontos. O giro financeiro foi de R$ 6,56 bilhões. O índice renovou a maior pontuação desde 5 de setembro de 2014 (60.681,98 pontos) e foi beneficiado pelo maior apetite ao risco nesta sessão, por causa da perspectiva de manutenção dos juros americanos no curto prazo.
As ações PN da Petrobras subiram 1,08%, a R$ 13,98, mas as ON recuaram 0,49%, a R$ 16,00, influenciadas pela queda do petróleo Brent em Londres. Os papéis da Vale subiram 2,11%, a R$ 15,44, e 2,06%, a R$ 18,27 (ON).
No setor financeiro, Itaú Unibanco PN ganhou 0,95%; Bradesco PN, +1,04%; Bradesco ON, +0,63%; Banco do Brasil ON, +2,25%; Santander unit, -1,15%; e BM&FBovespa ON, +0,39%.
As ações ON da JBS recuaram 1,69%, a R$ 11,01, após terem perdido 10,04% nesta segunda-feira (5). Os papéis ainda reagem ao fato de a J&F, holding controladora da JBS, ter sido alvo da Operação Greenfield, da Polícia Federal, que investiga supostos desvios em fundos de pensão.
EXTERIOR
Em Nova York, o índice S&P 500 terminou com ganho de 0,30% e o Dow Jones, +0,25%. O índice da Bolsa eletrônica Nasdaq avançou 0,50%, atingindo novo recorde de alta.
Na Europa, a Bolsa de Londres fechou em queda de 0,78%; Paris, -0,24%; Frankfurt, +0,14%; Madri, -0,60%; e Milão, -0,80%.
Na China, o índice CSI300, que reúne as maiores companhias listadas em Xangai e Shenzhen, teve ganho de 0,69%. O índice de Xangai subiu 0,63%. Em Tóquio, o índice Nikkei avançou 0,26%.