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Economia

Inflação piora e Banco Central sinaliza que pode subir os juros no futuro

Alta do dólar favorece cenário nebuloso para a economia

25 setembro 2018 - 08h03Por G1

O Banco Central avaliou que o cenário piorou nos últimos meses e indicou que pode ser necessário subir a taxa básica de juros da economia, atualmente em 6,5% ao ano, nos próximos meses para atingir a meta de inflação fixada para o ano de 2019.

A informação consta na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), realizada na semana passada, quando a taxa Selic foi mantida estável no menor nível da história pela quarta vez consecutiva. O documento foi divulgado nesta terça-feira (25).

A piora no cenário para a inflação está ligada, entre outros fatores, à disparada do dólar - que tem potencial para gerar pressões inflacionárias no Brasil. Isso porque os produtos, insumos e serviços importados ficam mais caros na medida em que o dólar se valoriza.

Além da moeda norte-americana, a cotação do petróleo também subiu nos últimos meses, pressionando os preços dos combustíveis.

"Os membros do Comitê pontuaram que nos últimos meses as diversas medidas de inflação subjacente se elevaram a partir de níveis julgados baixos, atingindo níveis apropriados – ou seja, de modo geral consistentes com as metas para a inflação", informou o BC.

E acrescentou: "Entretanto, os membros do Comitê reforçaram a importância de acompanhar a evolução da trajetória prospectiva da inflação [previsões] no médio e longo prazos, além da ancoragem das expectativas de inflação, visando avaliar o possível impacto mais perene de choques sobre a inflação [alta do dólar]".

Como as decisões são tomadas

A definição da taxa de juros pelo BC tem como foco o cumprimento da meta de inflação, fixada todos os anos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Para 2018, a meta central de inflação é de 4,5% e, para 2019, é de 4,25%.

Quando as estimativas para a inflação estão em linha com as metas, o BC reduz os juros; quando estão acima da trajtetória esperada, a taxa Selic é elevada.

O ano que vem começa a ganhar força na definição da taxa de juros, pois as decisões do Copom demoram cerca de seis meses para terem impacto pleno na economia.

Estimativas do BC para a inflação

Considerando as previsões do mercado para câmbio e juros nos próximos anos (dólar em R$ 3,83 no fim deste ano e em R$ 3,75 no fechamento de 2019, e aumento dos juros para 8% ao ano no fim do próximo ano), o BC avaliou que não haveria problemas para atingir as metas de inflação. A expectativa do BC para o IPCA, nesse cenário, é de 4,1% para 2018 e de 4% para 2019.

Porém, em um cenário sem aumento de juros, e com câmbio fixo em R$ 4,15 (que vigorou na semana anterior à última reunião do Copom), o Banco Central estimou que a inflação ficaria "em torno de 4,4% para 2018 e 4,5% para 2019".

Sem mudança na taxa de juros e com o dólar alto, a inflação ficaria acima da meta centrla de 4,25% fixada para o ano que vem. As projeções de inflação do BC sugerem, portanto, que, caso o dólar não recue, será necessário subir os juros para atingir a meta central de inflação do ano de 2019.

BC não informou próximos passos

Apesar de ter avaliado que o cenário de inflação piorou do início de agosto para meados de setembro, entre as duas últimas reuniões do Copom, e ter indicado que pode eventualmente começar a subir os juros, o Banco Central não informou claramente quais serão os próximos passos na definição da taxa Selic.

Segundo o BC, os integrantes do Copom "voltaram a ressaltar que os próximos passos na condução da política monetária [definição dos juros para atingir as metas de inflação predeterminadas] continuarão dependendo da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação".