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Entrevistas

18/06/2018 10:57

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Ator rodou o mundo, foi galã da Globo e continua a respirar arte em Campo Grande

Aos 64 anos, Breno Moroni tem extenso currículo e muita história pra contar e fazer

Nas mil e uma voltas que o ator e circense Breno Moroni, 64 anos, deu de palco em palco, de país em país, sua ‘turnê da vida’ atual está em cartaz em Campo Grande. Na Capital de Mato Grosso do Sul, ele fez sua casa há alguns anos, onde tem família e fez amigos, além da arte que parece sempre ter sido seu combustível.

Muito além do famoso ‘Mascarado’ que o fez famoso na década de 90, na novela ‘A Viagem’, da Rede Globo, Moroni fez dezenas de filmes e incontáveis peças de teatro, além de aberturas de novela que o tornaram galã pelo Rio de Janeiro. Em entrevista ao TopMídiaNews, ele conta parte de sua trajetória até aqui.

Leia abaixo:

TopMídiaNews: Qual a sua história por trás da escolha de viver do teatro, da arte?

Meu avô também foi ator, descobri quando fazia teatro, então deve ser coisa de DNA. Eu era aluno rebelde, não me adequava ao sistema, era um aluno marginalizado, e no teatro me encontrei. Comecei a fazer peças na escola, aos seis anos. Minha mãe gostava muito, e junto a ela eu assistia a espetáculos maiores. Na juventude, antes de ter muita experiência, fui logo estudar teatro no Rio, na Escola de Teatro da Federação das Escolas Federais Isoladas do Estado, três anos, era bem concorrido entrar. 

TopMídiaNews: E quando começou a encarar como profissão, quais foram os primeiros trabalhos?

No terceiro ano, já trabalhava profissionalmente. ‘Sonho de uma Noite de Verão’, de Shakespeare, ‘As Proezas do Macaco Simão’ e outras peças foram minhas primeiras experiências, são muitas.

Só que, com a ditadura militar, foi complicando. Havia invasões no teatro, nos ensaios, peças censuradas. Minha família foi muito prejudicada, teve pessoas mortas, presas [sua irmã, Jana Moroni, é considerada oficialmente como desaparecida política] e, antes que eu também desaparecesse, fui estudar na Europa, morar em Londres, em 76.

TopMídiaNews: Como foi esse período fora do país, e quando decidiu retornar ao Brasil?

Na Europa, trabalhei numa companhia chamada Kaboodle, que viajava a Europa inteira, sempre tinha uma viagem. Em Londres, fui estudar acrobacia, e fiquei quatro anos na companhia, direção do John Melville.

Eu estava no pique do circo quando voltei, era diretor artístico do Circo Voador, mas acabei rompendo o tendão do pé. Meu tendão era muito forçado, pelas atividades, o esporte, o monociclismo. Aí, fiquei um ano sem me esforçar, e comecei a fazer só cinema.

Como eu já falava inglês e era bastante ligado ao sindicato dos técnicos, todo filme estrangeiro eu ficava sabendo antes e tentava uma vaga, quase sempre colava, para papéis menores ou maiores. Fiz 78 filmes até hoje, e cerca de 30 peças escritas. Quando eu voltei, montei uma peça sobre a guerrilha paraguaia, no Teatro Oficina, o mais ‘visto’ pela ditadura, onde atuei e escrevi. Fui para São Paulo e estudei na Academia Piolhim.

TopMídiaNews: Na televisão, você ganhou fama nacional. Como começou na TV e como foi esse período das novelas?

Comecei numa novela chamada ‘João da Silva’, na TV Educativa, em 73, mas sempre fiz mais outras coisas além da TV. Meu orgulho na TV é ter trabalhado em Cuba, no Quênia, com poucos recursos, na Inglaterra e a Globo, fiz um monte de coisa.

Fiz Zorra Total, Silvio Santos, Faustão, Xuxa... Mas o Mascarado em ‘A Viagem’, em 1994, foi a que teve mais repercussão, até hoje. Em 83, estive na abertura na novela ‘Champagne’, eu era o galã, e a fama pegou naquela época, era conhecido nas boates, dava entrevistas.

Quando eu fiz ‘A Viagem’, imediatamente depois que a encerrei fui fazer um filme chamado ‘Cavalinho Azul’, e a gente gravava no meio do mato, numa cidadezinha de interior, então não usufruí dessa fama.

Fui técnico do ‘Armação Ilimitada’, fiz ‘Malhação’ e várias outras aberturas, com o Hans Donner, que foi onde eu mais aprendi e considero meu trabalho mais importante na televisão. Eu era ator e assessor cênico também, muitas vezes.

TopMídiaNews: O que te trouxe à Campo Grande, fazer da cidade ‘fora do eixo’ seu endereço?

Cheguei em fevereiro, mas já morava aqui antes. Trabalhei como secretário de cultura da cidade no interior do Rio de Janeiro, foi uma experiência que nunca tinha tido, aí fui pra Fortaleza e voltei a Campo Grande.

Antes vivia na Europa, mas minha filha morava aqui, vim visitá-la em 2011 e fui convidado pelo Circo do Mato a dar uma oficina, que virou peça, que foi muito bem. Fui ficando, e assim fiquei três anos.

Em outras cidades maiores, é saturado, você tem que fazer um teatro entretenimento, explorar coisas que não gosto. Aqui, não encontro essas dificuldades, a acho que falta gente tentando explorar com riqueza temas que são importantes.

O que também tem de se destacar é que temos pessoas talentosas, dedicadas e com vontade de fazer teatro, mas poucos espaços para fazer acontecer. Existe uma fórmula para driblar a falta de interesse político e gastos públicos, que é entregar esses espaços parados para companhias de teatro gerenciarem por um tempo, como já sugeri e deu certo em Petrópolis.

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