Dados divulgados hoje (5) pelo IBGE mostram que cerca de 3,1 milhões de pessoas que vivem em favelas no Brasil moravam, em 2022, em trechos de vias acessíveis apenas a pé, de moto ou de bicicleta. Isso representa 19,2% da população desses territórios. A dificuldade de acesso impede a chegada de ambulâncias, caminhões de coleta, transporte público e veículos de carga, ampliando desigualdades estruturais.
O levantamento também mostra que 21,7% dos moradores de favelas viviam em ruas sem pavimentação, o equivalente a aproximadamente 3,5 milhões de pessoas. Fora dessas áreas, 91,8% dos domicílios ficam em vias pavimentadas. A presença de bueiros ou bocas de lobo também é reduzida: apenas 45,4% desses moradores estavam em trechos com infraestrutura de drenagem, enquanto, fora das favelas, o índice chega a 61,8%.
A coleta de lixo acompanha a desigualdade de acesso. Em áreas onde carros e caminhões conseguem entrar, 86,6% dos domicílios recebiam coleta diretamente. No entanto, nas ruas com acesso restrito dentro das favelas, esse percentual cai significativamente, como exemplifica a região Sudeste, onde chega a apenas 48,6%.
Outro ponto crítico revelado pelo IBGE é a falta de arborização. Mais de 60% dos moradores de favelas e comunidades urbanas - cerca de 10,4 milhões de pessoas - viviam em vias sem árvores. A ausência de vegetação reduz conforto térmico, prejudica o ambiente urbano e afeta diretamente o bem-estar. Entre a população que se declarou preta, 68% viviam em trechos sem nenhuma árvore.
A mobilidade urbana e a acessibilidade também são deficientes: apenas 3,8% dos moradores de favelas viviam em vias com calçadas sem obstáculos, contra 22,4% nas demais áreas. Rampas para cadeirantes praticamente não existiam nesses territórios, onde mais de 95% da população vivia em ruas sem qualquer estrutura para pessoas com mobilidade reduzida.
Segundo o IBGE, o levantamento do Censo 2022 abrange 16,2 milhões de residentes em 12,3 mil favelas e comunidades urbanas distribuídas por 656 municípios. O conjunto dos dados revela que as desigualdades urbanas permanecem profundas e multifatoriais, atingindo especialmente populações negras e de baixa renda. O instituto reforça que o cenário exige políticas públicas estruturantes voltadas para infraestrutura, saneamento, mobilidade, arborização e acessibilidade.









