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Magistrados lamentam aposentadoria da Desembargadora Maria Isabel

Magistrada deixa a carreira após 33 anos

16 agosto 2018 - 09h00Por TJMS

Na sessão desta quarta-feira (15), os desembargadores do Tribunal Pleno votaram o pedido de concessão de aposentaria da Desa. Maria Isabel de Matos Rocha e, depois de 33 anos dedicados à magistratura, ela deixou a carreira.

Em suas palavras de despedida na sessão desta quarta-feira, Maria Isabel falou sobre o tempo. “Em três tempos eu vou falar, estamos no tempo presente, exatamente hoje, aqui e agora. E o tempo atrás de mim eu lembro que foram 33 anos de juíza no Estado e eles vieram de trabalho para ajudar a criar três coisas boas: o Projeto Padrinho, a Vara de Crimes contra a Criança e a Central de Depoimento Especial. Por isso, acho que valeu a pena. E falar do tempo presente, aqui agora, me lembrei da poesia do Renato Russo, que diz assim: ‘Até bem pouco tempo atrás poderíamos mudar o mundo. Quem roubou nossa coragem?’. Perguntei hoje a mim mesma sobre coragem. Não falta coragem, mas sobra a realidade. Podemos mudar um pouquinho o mundo sim, é o que desejo a todos que ainda prosseguem aqui daqui pra frente”.

E finalizou seu discurso com nova citação a Renato Russo: “‘Quando o sol bater na janela do teu quarto, lembra e vê que o caminho é um só. Porque esperar se podemos começar tudo de novo agora mesmo?’. Eu vou atrás desse sol que bate agora na minha janela para um novo tempo. Muito obrigada a todos e sejam muito felizes”.

O presidente do TJMS, Des. Divoncir Schreiner Maran, lembra que a Desa. Maria Isabel já se destacava desde o começo de sua carreira na magistratura pelo fato de representar as mulheres em um cenário totalmente masculino.

“Destacou-se com seu trabalho incansável e deixa frutos, como o Projeto Padrinho. Como juíza, passou por Camapuã e Cassilândia, onde é lembrada com carinho. Depois veio para a Capital. É uma incansável estudiosa, abnegada da causa e muito requisitada para dividir seus conhecimentos em palestras nacionais e internacionais. Sei que, mesmo aposentada, continuará contribuindo com as causas que defende, agora como membro da Associação Brasileira de Mulheres de Carreira Jurídica, na Comissão Mato Grosso do Sul (ABMCJ-MS)”, comentou o Des. Divoncir.

O Des. José Ale Ahmad Neto, que com ela dividiu por alguns anos a 6ª Vara de Fazenda Pública e Registros Públicos da Capital, revelou que o convívio diário com Maria Isabel fez com que percebesse sua grande preocupação com as questões que analisava nos processos, pois o fazia com ponderação e cautela. Para José Ale, a desembargadora é a pessoa mais íntegra que conheceu.

“Tenho por ela profunda admiração, como pessoa e magistrada, por seu inquestionável conhecimento e isso pode ser facilmente constatado nas sessões de julgamento. Ela tem uma grande personalidade e fará muita falta neste Tribunal. Compreendo que prefira usufruir de seu tempo e estreitar seus laços com a família e com a mãe, que mora em outro país, mas é inegável que nos fará muita falta”, disse ele.

Muito respeitada pelos esforços e propostas desenvolvidas durante os 12 anos em que ficou a frente da Vara da Infância e da Juventude da Capital, a desembargadora é considerada um exemplo a ser seguido na magistratura.

Para o juiz Fernando Cury, presidente da Amamsul, a magistrada é uma pessoa de coração e espírito humano inigualáveis, profissional que deu a vida à causa da infância e juventude.

“Por onde passou, ela se doou - não só no horário de trabalho, mas durante seu espaço de família e de lazer. A Amamsul, ao mesmo tempo que sente a aposentadoria de uma magistrada ainda com plena força de trabalho, compreende a opção pessoal e agradece pelo exemplo de juíza, de colega, que sempre foi, tanto em primeiro quanto em segundo grau”, despediu-se Fernando.

Currículo – Maria Isabel é natural de Nanpula (Moçambique), formou-se em Direito na Universidade de Coimbra (Portugal) e ingressou na magistratura de MS em maio de 1985. Foi promovida, por merecimento, para a comarca de Camapuã, em janeiro de 1986. Por antiguidade, em setembro de 1988, foi promovida para a segunda entrância e passou a judicar na 2ª Vara de Cassilândia.

Em agosto de 1995, Maria Isabel foi promovida para a 1ª Vara da Infância e da Juventude de Campo Grande e posteriormente atuou também na 3ª Vara de Fazenda Pública e Registros Públicos. Maria Isabel foi quarta mulher a compor a mais alta corte do Judiciário Sul-mato-grossense e a primeira mulher a ocupar o cargo de Coordenadora da Infância e da Juventude de MS.