Um dia após ser agredida por um bolsonarista, a estudante Estefane Laudano, de 19 anos, disse que ainda sente dores em todo o corpo.
Segundo o G1, ela foi atingida com uma paulada na cabeça na tarde de sábado, quando conversava com a irmã num bar em Angra dos Reis.
A polícia identificou o agressor como Robson Dekkers Alvino, de 52 anos. Ele foi ouvido numa delegacia e responderá em liberdade pelo crime de lesão corporal.
Estefane e a irmã, Esther Laudano, trabalhavam na distribuição de panfletos para candidatos do PSB e do PSOL.
— A gente parou para tomar um refrigerante quando esse cara chegou ao bar — conta Estefane.
— Minha irmã viu o status de um amigo nosso no WhatsApp e perguntou: "Ué, mas o fulano é bolsonarista? Eu não tenho amigo bolsonarista". O homem ouviu a conversa e começou a se meter — relata.
As jovens tentaram se livrar da intromissão, mas Alvino continuou a importuná-las com ofensas homofóbicas.
— Ele estava muito agressivo, parecia bêbado. Disse que era bolsonarista, perguntou se a minha irmã tomava remédio para virar homem. Depois disse que nós éramos feias e que só gente como a gente votava no PT — conta Estefane.
O agressor foi expulso do bar, mas voltou ao local com um pedaço de madeira. As duas irmãs se levantaram e Estefane foi atacada.
— Ele segurou meus braços e me deu uma paulada na cabeça. Minha visão começou a turvar e caí no chão. Depois senti o sangue escorrendo — conta a estudante.
Levada à Santa Casa de Misericórdia, ela recebeu sete pontos na cabeça. Só conseguiu voltar para casa às 23h, sete horas após a agressão.
— Estou muito abalada, com medo até de sair de casa. Sabia que a eleição ia ser assim, mas nunca pensei que isso fosse acontecer comigo — comenta.
A jovem conta que já havia ouvido xingamentos de outros bolsonaristas enquanto trabalhava para candidatos de esquerda.
— Tem gente dizendo na internet que a culpada fui eu. Nem gosto de política, só estava conversando com minha irmã. Acho que cada um tem direito à sua crença. Às vezes um bolsonarista grita com a gente, diz que não quer saber de Lula na cidade. É uma coisa besta — desabafa.
Alvino usa as redes sociais para militar a favor de Bolsonaro. Numa publicação recente, fez ataques ao Supremo Tribunal Federal. No sábado, horas antes de agredir a estudante, ele tirou foto com a deputada estadual bolsonarista Célia Jordão, do PL.