Na sessão da CPMI (Comissão Parlamentar Mista de Inquérito) do INSS, desta segunda-feira (6), o empresário Fernando dos Santos Andrade Cavalcanti, ex-sócio do advogado Nelson Wilians, decidiu não colaborar com a investigação, limitando-se a permanecer em silêncio diante das perguntas formuladas pelos deputados. A recusa em responder despertou a indignação do deputado federal Beto Pereira (PSDB-MS), que não hesitou em confrontá-lo.
Ex-sócio do advogado Nelson Wilians, Cavalcanti foi convocado a prestar esclarecimentos sobre supostas irregularidades em contratos, notas fiscais e patrimônio de luxo que estariam ligados a esquemas de desvio de recursos no INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Amparado por habeas corpus, ele exerceu o direito constitucional de não responder às perguntas.
A postura do empresário, porém, gerou reação de Beto Pereira. "Quando decide em não responder, saiba que cada um dos parlamentares é um interrogador", disse o deputado, lamentando a falta de colaboração do depoente com a investigação.
Durante sua fala, Beto Pereira destacou uma série de notas fiscais supostamente emitidas por empresas ligadas a Cavalcanti, citando em especial uma delas, vinculada à FAC, que, segundo o parlamentar, não possuía funcionários e registrava bens de alto valor, como carros de luxo. "É preciso entender como uma empresa sem empregados consegue movimentar tamanhos valores e ainda associar patrimônios de veículos de luxo", questionou.
Relação com Maurício Camisotti, patrimônio e ostentação em Brasília
deputado também abordou a relação de Cavalcanti com Maurício Camisotti, um dos principais investigados pela CPMI. Camisotti é apontado como articulador de práticas irregulares envolvendo descontos indevidos e intermediação de benefícios.
"Você sabia das práticas associativas de Camisotti que envolviam descontos? É algo difícil de acreditar", afirmou Beto, demonstrando ceticismo diante das negativas apresentadas pelo empresário em documentos anteriores.
Outro ponto abordado pelo parlamentar foi a vida de ostentação de Fernando Cavalcanti, que teve bens de alto valor apreendidos pela Polícia Federal durante uma das operações ligadas à CPMI. Entre os itens confiscados estavam uma Ferrari, uma réplica de carro de Fórmula 1, relógios de luxo e grandes quantias em dinheiro.
"Sua residência serve para fazer contatos e facilidades que podem resultar em desvios de dinheiro público. É isso que você considera ostentação?", perguntou Beto, reforçando a necessidade de se investigar a origem dos recursos e as conexões entre negócios e poder político.
Doações eleitorais tratadas como "investimentos" e relação com Nelson Wilians
Beto Pereira também abordou o tema das doações eleitorais, apontadas pelo próprio Cavalcanti, em declarações anteriores, como "investimentos". O parlamentar quis saber quais benefícios o empresário esperava obter em troca dessas contribuições. "O que você tinha como retorno dessas facilidades?", questionou, em tom incisivo.
Ao encerrar sua fala, o deputado sul-mato-grossense mencionou o rompimento entre Cavalcanti e o advogado Nelson Wilians, com quem o empresário mantinha sociedade. O rompimento teria ocorrido após a operação da Polícia Federal, que passou a investigar o grupo por envolvimento em contratos suspeitos com órgãos públicos.
"Curiosamente, quando a situação se torna desfavorável, você se afasta do seu sócio. Essa relação precisa ser esclarecida", afirmou o deputado.
A sessão terminou com o empresário mantendo-se em silêncio durante toda a oitiva. A CPMI, que investiga supostas fraudes e irregularidades em contratos e benefícios previdenciários, deve convocar novos depoentes nas próximas semanas, entre eles outros empresários e servidores públicos ligados ao caso.









