Convivendo diariamente com a dor de ter perdido três filhos para o câncer, o corretor de imóveis Régis Feitosa Mota fala sobre a dificuldade em administrar a dor, sofrimento e ainda ter tempo para o luto. Em quatro anos ele viu as pessoas mais importantes partirem por conta de uma síndrome rara que deixa o paciente mais suscetível ao aparecimento do câncer.
Aos 46 anos Regis descobriu que tinha a síndrome de Li-Fraumeni, a doença é caracterizada por alterar o gene TP53, fazendo com que a produção da proteína responsável por impedir o crescimento de tumores seja insuficiente. E foi assim que ele descobriu o problema nos filhos que no intervalo de quatro ano partiram seguido um do outro.
"Foi uma coisa muito em cima uma da outra que não deu nem tempo para ter luto porque era terminando o tratamento de um filho e começando o do outro, e falecendo outro, e assim num período de quatro anos perdi os três filhos. É impossível administrar tanta dor, tanta sofrimento e ter luto ao mesmo tempo", disse Regis, ao G1.
Beatriz, a filha caçula, faleceu em 2018, com 10 anos, com diagnóstico de leucemia linfoide aguda. Pedro, de 22 anos, teve cinco episódios de câncer e morreu em 2020 com um tumor no cérebro. A perda mais recente foi de Anna Carolina, de 25 anos. A filha médica descobriu um tumor no cérebro em 2021 e morreu em novembro deste ano.
É da memória dolorida da perda dos filhos que Régis consegue ter motivação para seguir o tratamento da quimioterapia todos os dias. Além disso, motivar os mais de 200 mil seguidores que tem nas redes sociais com mensagens sobre transformar a dor em amor.
"Esse tem sido o objetivo principal. Transformar vidas, impactar vidas. Se essa dor toda, todo esse sofrimento, essas perdas não podem ficar em vão. A meu ver, hoje elas têm uma missão maior que é impactar vidas", complementa.
Tratamento
A médica geneticista Denise Carvalho esclarece que já existem muitas pesquisas no sentido de solucionar o problema. Segundo ela, uma solução seria substituir o gene defeituoso.
"O tratamento é hoje comum para os cânceres manifestantes, mas o grande futuro está na terapia gênica que consiste em substituir o gene que está corrompido pelo gene normal. Isso seria a cura e já existem muitas pesquisas nesse sentido", explicou.