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Sala de recursos da Escola Arlindo Lima completa dez anos e reflete trabalho de inclusão da Reme

Atualmente existem 65 salas de recursos multifuncionais, onde atuam 70 profissionais. Os espaços contemplam 1.950 alunos

04 setembro 2018 - 15h50Por PMCG

“Você está trabalhando e abre um vídeo e vê seu filho lendo. É uma emoção que não dá para explicar”. O depoimento emocionado do servidor público  Jamil Siqueira foi um entre os vários que deram o tom na solenidade em comemoração aos dez anos de funcionamento da sala de recursos multifuncionais da escola municipal Arlindo Lima, que hoje atende dez alunos com deficiência visual.

A comemoração foi realizada, na própria escola, na noite da última segunda-feira (3) e contou com a presença do prefeito Marquinhos Trad e da secretária municipal de Educação, Elza Fernandes, chefe da Divisão de Educação Especial Lizabete Coutinho, professores, alunos e seus familiares.

O pai do aluno Lucas Santiago Siqueira de 10 anos, fez um relato sobre como a vida da família mudou após o filho, que nasceu cego, ser atendido na sala. “O começo foi difícil porque a família precisou se adaptar à nova realidade, mas o apoio da equipe da escola é fundamental no processo”, destacou Jamil.

Assim como outros nove alunos com deficiência visual, Lucas foi alfabetizado devido ao trabalho e dedicação dos profissionais que atuam na sala de recursos. A sala e os professores oferecem o suporte para que as crianças assistidas acompanhem todo o conteúdo pedagógico de seus respectivos anos com o ensino da Língua Brasileira de Sinais e do código Braille e a adequação de atividades didático-pedagógicas.

Os professores das salas de recursos recebem com antecedência dos professores regentes de sala, o plano de aula para que as atividades sejam adaptadas às necessidades da criança com deficiência. Em muitos casos são utilizados recursos lúdicos, como desenhos e jogos. “O que encontramos aqui na Rede Municipal de Ensino provavelmente não encontraríamos em outro lugar”, afirmou o pai de Lucas.

O prefeito Marquinhos Trad ressaltou que uma das prioridades da gestão é a inclusão social. “Estou muito feliz com toda essa dedicação. São eventos dessa natureza que nos fazem sentir verdadeiramente humanos e ter a certeza de que estamos fazendo, a cada dia, uma administração voltada para a inclusão e acima de tudo para a educação”, pontuou.

A secretária Elza Fernandes disse que o trabalho com crianças que tem algum tipo de deficiência é desafiador, por isso também contribui com o crescimento profissional de quem trabalha com elas. “Nós acreditamos na Educação Especial. Não basta ter apenas o conhecimento, é preciso também ter amor pelo o que faz e nesse sentido nossas equipes além da competência, atuam com dedicação para oferecer uma qualidade de vida melhor aos nossos alunos”, afirmou.

Para o diretor da escola Arlindo Lima, Aristóbolo dos Anjos Castro Neto, a união e parceria entre os profissionais da sala de recursos e as famílias são fundamentais para o atendimento de qualidade. Além desse fator, que garante a excelência no atendimento, enxergar a criança como um indivíduo capaz, com potencial, também é primordial.

“Costumo dizer aos pais que chegam com os filhos que o nosso trabalho é o de quebrar barreiras. Nós tiramos as redomas para despertá-lo para a vida. Na sala de recursos ele é um aluno como os demais, com seus direitos e deveres, não há diferenças”, afirmou.

Esse tratamento igualitário pode ser observado na conduta da aluna Larissa Barros de Oliveira, do 7º ano. Hoje com 12 anos, desde os cinco ela é atendida na sala de recursos do Arlindo Lima. Convidada para ser a cerimonialista do evento, ela fez toda a leitura das atrações, além de apresentar os convidados utilizando código Braille. “Eu faço as leituras coletivas em sala de aula, mas para o público foi a primeira vez. Fiquei um pouco nervosa, mas li bastante a copia que recebi do cerimonial”, explicou.

Sobre as dificuldades, Larissa diz que sempre encarou os desafios com naturalidade e o fato de ser tratada com o mesmo respeito dos demais é um componente relevante para sua autoestima e dos colegas, tanto que ela sonha com a carreira profissional de atriz e cantora. “Tem dificuldades, sim, mas é possível superar com a ajuda dos professores”, ressaltou.

Como funcionam

A Reme conta com 65 salas de recursos multifuncionais, onde atuam 70 profissionais. Os espaços contemplam 1.950 alunos. Duas salas atendem alunos com deficiência visual, outras duas, crianças com surdez e uma é voltada para as crianças com altas habilidades. As demais prestam atendimento para alunos com deficiências variadas.

As salas de recursos multifuncionais são espaços físicos onde se realiza o Atendimento Educacional Especializado (AEE). O público-alvo desse tipo de atendimento é de alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação, conforme a Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva.

Assim como as salas de recurso da escola municipal Arlindo Lima, as demais contam com mobiliário adequado às necessidades do aluno, materiais didáticos e pedagógicos, recursos de acessibilidade e equipamentos específicos para o atendimento das crianças, atendidas no contraturno escolar.

Os profissionais que atuam no espaço têm formação para o exercício do magistério de nível básico e conhecimentos específicos de Educação Especial, adquiridos em cursos de aperfeiçoamento e de especialização. Cabe a esses profissionais, identificar, elaborar e organizar recursos pedagógicos e de acessibilidade que eliminem as barreiras para a plena participação dos alunos, considerando suas necessidades específicas.

Além de atendimento educacional especializado, os alunos assistidos nas salas de recursos também desenvolvem atividades que contribuem para sua independência e facilitando seu convívio familiar e social.