Ainda sem data para velarem e sepultarem o pequeno Ravi, bebê que morreu durante o parto na Maternidade Cândido Mariano, a família espera a alta da mãe da criança, Cláudia Batista da Silva, para dar prosseguimento nos trâmites legais.
Conforme o já noticiado pelo TopMídiaNews, Ravi faleceu na manhã de quinta-feira (16), em Campo Grande. Para os parentes do bebê, seu falecimento aconteceu em decorrência de negligências médicas.
“Estamos esperando ela receber alta, foi internada na Santa Casa porque o braço dela está paralisado. Não se sabe o que aconteceu, se foi uma lesão na medula ou algo neurológico causado no parto. Depois que ela sair, vamos correr atrás para sepultar o Ravi”, disse a tia da criança.
Outro fato preocupante é o tempo que o corpo do pequeno pode ficar no IMOL (Instituto Médico de Odontologia Legal), já que foi levado até o local após ter o óbito constatado pela equipe médica na maternidade.
Após o sepultamento, os familiares pretendem fazer uma manifestação pedindo por justiça no caso do pequeno Ravi. Eles estão mobilizando outras mulheres que passaram por casos de violência obstétrica em Campo Grande, mais precisamente na Cândido Mariano, para se juntar e fazer um ‘grito coletivo’ para que casos como os que passaram não se repita.
O caso
Conforme o B.O, a mãe de Ravi, Cláudia Batista da Silva, entrou em trabalho de parto na quarta-feira (15), por volta das 11h, quando se deslocou para a maternidade. Às 12h30, a mulher ficou em uma espécie de ‘sala de parto’, e até então o bebê estava com os batimentos cardíacos normais.
Cláudia entrou na sala de parto apenas às 17h30, mas o parto só foi começar às 8h de quinta-feira, sendo que, ela estava com apenas seis centímetros de dilatação, quando o correto é dez.
O parto foi realizado por dois médicos e cinco auxiliares. Ainda conforme o boletim, o marido da gestante, Eduardo de Souza, foi acionado pelos médicos a auxiliar, para realizarem uma retirada forçada do bebê.
“Quando viu que a cabeça do bebê estava para fora, notou que a cabeça estava em um formato anormal (deformação) e que havia um coágulo na cabeça do bebê [...]. No momento que a cabeça do bebê foi expelida, não notou nenhum sinal vital do bebê”, disse o relato.
O médico teria então puxado o bebê com toda força pela cabeça. Assim que a criança saiu, sem batimentos cardíacos, ele foi colocado de forma brusca no colo da mãe. A equipe tentou reanimá-lo, mas após 40 minutos o óbito foi declarado.
Logo após o óbito, um dos médicos teria dito para a mãe que o casal “é jovem, e poderiam fazer outro bebê, que se eles retornassem, dessa vez ele faria uma cesária”.
A família alega que em nenhum momento Cláudia apresentou intercorrências na gestação, e que já possue dois filhos nascidos de parto normal. Informações e imagens obtidas pelo TopMídiaNews reforçam que o parto foi realizado de forma forçada, e que o corpo do bebê foi encaminhado para o IMOL (Instituto Médico e Odontológico Legal), sem a entrega de um documento oficial para a família com detalhes da morte.
O que diz a maternidade
Em nota encaminhada para a reportagem, a Maternidade Cândido Mariano alega que não houve falhas, e que complicações são “imprevisíveis”.
“A gestante possuía histórico de dois partos normais anteriores e, durante todo o processo, recebeu acompanhamento contínuo da equipe médica e de enfermagem. No momento do parto, houve a ocorrência de distócia de ombro, uma complicação obstétrica grave e imprevisível, que pode ocorrer mesmo em condições de parto consideradas normais.
Infelizmente, apesar de todos os esforços da equipe, o caso teve desfecho trágico, com o óbito do recém-nascido.
Ressaltamos que, a princípio, não foi identificada qualquer falha ou indício de negligência na condução do atendimento. Ainda assim, por compromisso com a transparência e a qualidade da assistência, o caso será apurado pelas Comissões de Ética e de Óbito da instituição, conforme protocolo interno.
A Maternidade manifesta profundo pesar pela perda e solidariedade à família, reiterando seu compromisso com a ética, a humanização e a segurança no atendimento a todas as pacientes”.









