O avião de pequeno porte que caiu na noite desta terça-feira (23), na Fazenda Barra Mansa, em Aquidauana, no Pantanal, matando quatro pessoas, tinha histórico de irregularidades e operava sem autorização para voar no período noturno. A aeronave era um Cessna 175, fabricado em 1958, registrada em nome do piloto Marcelo Pereira de Barros, que também morreu no acidente.
De acordo com dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), o avião só tinha permissão para voos visuais e diurnos (VFR Diurno), o que significa que não poderia operar em condições de baixa visibilidade ou à noite. O modelo também não possuía instrumentos específicos para esse tipo de operação.
O veículo ainda tinha a operação de táxi aéreo negada pela Anac. Mesmo assim, transportava o arquiteto chinês Kongjian Yu, referência mundial em urbanismo sustentável, e os documentaristas brasileiros Luiz Fernando Feres da Cunha Ferraz e Rubens Crispim Jr., que estavam no Pantanal para trabalhar em um projeto audiovisual.
O mesmo avião já havia sido apreendido em 2019, durante a Operação Ícaro, no Aeroclube de Aquidauana. Exames periciais da época identificaram plaquetas de identificação adulteradas e constataram que o Cessna operava com o certificado de aeronavegabilidade cancelado. A aeronave ficou sob custódia do Dracco (Delegacia de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado) por três anos e foi devolvida ao piloto Marcelo em 2022.
Acidente
O avião caiu em área de difícil acesso, a cerca de 100 quilômetros do centro de Aquidauana, e explodiu após o impacto. As autoridades confirmaram que todos os ocupantes da aeronave morreram no impacto. Os corpos ficaram carbonizados devido à explosão após a queda.
A fazenda onde o avião caiu é conhecida por atrair turistas nacionais e estrangeiros, segundo o site O Pantaneiro. Conforme amigos, Luiz Ferraz e Kongjian Yu trabalhavam juntos em um projeto de documentário sobre o conceito de "cidades esponja", que busca soluções sustentáveis para os grandes centros urbanos.
A delegada Ana Cláudia Medina, do Dracco confirmou as identidades e informou que equipes da corporação, em conjunto com o Corpo de Bombeiros, realizaram a retirada dos corpos e a perícia no local. Os corpos já estão no IML (Instituto Médico Legal) de Aquidauana, onde passam por exames necroscópicos antes da liberação para as famílias.
A área do acidente fica a cerca de 100 quilômetros do centro de Aquidauana. Militares do Corpo de Bombeiros do município auxiliam nos trabalhos de resgate.
As causas do acidente ainda são desconhecidas. Segundo testemunhas e os primeiros relatos técnicos, o piloto pode ter tentado uma arremetida, manobra de segurança para abortar o pouso, mas a aeronave perdeu altitude e se chocou contra o solo, provocando uma explosão.









