O juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida exigiu depoimento de peritos que vistoriaram a caminhonete do empresário Adriano Correia do Nascimento, morto pelo policial rodoviário federal, Ricardo Moon, em 31 de dezembro de 2016. O magistrado quer saber por que 'apareceram' objetos (flambadores) na carroceria da caminhonete da vítima, dias depois da primeira perícia ser realizada e não encontrar tais objetos.  

De acordo com o despacho do magistrado, o juízo do caso foi informado pelo Ministério Público Estadual que uma perita, em perícia complementar, encontrou dois flambadores e dois vasilhames de bebida alcoólica na carroceria da Hilux, respectivamente nos dias 4 e 9 de janeiro. Diante do aparecimento 'estranho' desses objetos, a servidora avisou a Coordenadoria Geral de Perícias sobre o fato, que segundo o juiz, pode se caracterizar como 'fraude processual'. 

A perita destaca em seu relatório que, em análise do veículo nos dias 31 de dezembro e 2 de janeiro, os objetos não haviam sido constatados por ela, por outro perito, nem pelos agentes de polícia e delegado. Outro questão que intriga as autoridades foi o fato de que a caminhonete, guardada em um pátio, estar com todas as janelas e portas destravadas, facilitando o acesso de terceiros que poderiam, segundo o juízo, 'implantar objetos no local na tentativa de fraudar a perícia'. 

Carlos Alberto Garcete destaca que, independente das audiências já marcadas para os dias 5 e 12 de abril, vai ouvir os peritos no dia 11 de abril, às 15 horas, para ouvir os servidores peritos e 'decidir quais outras providências deverão ser adotadas'. 

O crime 

Por volta das 4h30 do dia 31 de dezembro do ano passado, o PRF Ricardo Moon, que dirigia uma Pajero, se envolveu em uma briga de trânsito com o empresário Adriano Correia do Nascimento, que seguia em uma caminhonete Hilux, na Avenida Ernesto Geisel. 

O empresário e o policial iniciaram uma discussão, quando Moon decidiu acionar a Polícia Militar. Instantes depois, após mais bate boca, o PRF sacou sua pistola .40 e atirou contra os ocupantes do veículo, que além de Adriano, estavam mais dois homens. 

O jovem de 17 anos que o acompanha foi baleado nas pernas. Outro acompanhante no veículo, um supervisor comercial, de 48, quebrou o braço esquerdo e sofreu escoriações com a batida. Ambos foram socorridos conscientes.

O policial ficou no local do crime e chegou até a discutir com uma das vítimas, mas não foi preso na ocasião, mesmo havendo policiais militares no local. Posteriormente, ele acabou sendo indiciado em flagrante ao comparecer na delegacia com um advogado e representante da PRF.

Em seu depoimento, Moon disse que agiu em legítima defesa depois de ter visto um objeto escuro que poderia ser uma arma, na mão de uma das vítimas, durante a tentativa de fuga do empresário com caminhonete. Ele também teria sido atingido pela camionete. No interior do veículo, os investigadores encontraram apenas celulares das vítimas.