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Polícia

07/11/2018 11:46

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Juiz que agredia mulher manda recolher todos os móveis da casa da ex

Justiça determinou a reintegração de posse do mobiliário; ex-companheira afirma que atitude é uma "violência imensa e maior ainda contra nossos filhos"

Após denunciar o ex-marido e ex-presidente da Corte Internacional de Direitos Humanos, Roberto Caldas, por violência doméstica durante 12 anos de casamento, a estudante de direito Michella Marys sofreu, nessa terça-feira (6), um revés da Justiça do Distrito Federal. Por decisão do magistrado da 3ª Vara de Família, Antônio Fernandes da Luz, uma ação de busca e apreensão, além de reintegração de posse, foi realizada na residência onde ela mora com os filhos do casal, em um condomínio no Lago Sul, bairro nobre da capital federal.

Por determinação judicial, todos os móveis que o ex-integrante da CIDH provou ter comprado durante o relacionamento foram recolhidos para serem devolvidos a Caldas. A ação ocorre após o jurista ter anexado aos autos do processo do divórcio documento no qual aponta o casamento com separação de bens. Michella, contudo, não reconhece o documento. “Esse homem não é um pai, é um monstro”, desabafa a universitária.

De acordo com a ex-companheira de Caldas, além de móveis como cama, mesa, cadeiras, geladeira e até fogão, a decisão do magistrado resultou, inclusive, na retirada de utensílios domésticos de cozinha.

Nem os talheres sobraram. Isso é uma violência imensa comigo, só que maior ainda contra nossos filhos. O pai deles não tem limites" afirma Michella Marys.

A estudante de direito acusa o advogado e ex-marido de ter falsificado a assinatura dela e, por isso, recorreu a Clênio Belluco, perito judicial registrado no Tribunal de Justiça do DF e dos Territórios (TJDFT), para analisar a legitimidade da canetada. “O ex-esposo dela apresentou na Justiça um documento digitalizado e, desde então, nós fizemos uma avaliação técnica. Para uma perícia, precisaríamos do documento original. O fato é que, até agora, ele não apresentou nos autos e nem a ela. O original é essencial para que possamos examinar detalhadamente a veracidade da assinatura, coisa que um cartório não faz”, afirmou o especialista ao Metrópoles.

Perdas

Durante o processo de separação, Michella Marys ainda residia em uma luxuosa mansão, onde o casal morou antes da gigantesca briga judicial. O Metrópoles revelou, em primeira mão, os detalhes do imóvel. No entanto, após os dois chegarem a um acordo, a ex-esposa deixou o endereço e passou a viver em local muito menos pomposo.

“Nossos filhos já tiveram muitas perdas, tiveram de abrir mão de tantas coisas. O que vou fazer com meus filhos, em casa, sem geladeira, fogão e cama? Que tipo de pai é esse? Imagina o trauma dessas crianças ao testemunhar tudo isso?”, desabafa a universitária.

Segundo Marys, a ação teria sido arquitetada pelo ex-companheiro com o intuito de fragilizar ainda mais a situação dela como tutora das crianças. “Tudo o que ele está fazendo é para me fazer desistir, mas não vou. Ele quer que eu fique sem condições e, com isso, consiga tirar meus filhos de mim”, contou a mulher à reportagem. A estudante alega não ter sido ouvida antes da decisão judicial, fato que a leva a desconfiar de interferência do ex-marido – conhecido no meio jurídico – na sentença do magistrado. Segundo ela, o juiz teria sido “levado ao erro”.

O outro lado

O Metrópoles tentou contato com o ex-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos Roberto Caldas e apurou que ele está fora do Brasil, em viagem a trabalho na Espanha. Por meio da assessoria de imprensa, o advogado se manifestou sobre o caso. “Os móveis fazem parte de denúncia por apropriação indébita e ordem judicial de busca e apreensão. Fazem parte da casa e do patrimônio familiar, inclusive para receber nossos filhos comuns”.

Segundo o ex-companheiro da estudante, os objetos reclamados “não são apenas utilidades domésticas mas também objetos de arte e armários embutidos, tudo arrancado”. Caldas adianta ainda que “dona Michela Marys conquistou o direito à pensão provisória para si, para a filha de seu primeiro casamento e para os filhos em valores suficientes para manter-se com dignidade”.

Sobre o impacto nos filhos quanto à retirada dos móveis da nova casa de Michella, o ex-marido é categórico: “Ela soube da decisão judicial contra si logo cedo e deveria deixar os filhos fora da cena. Lamento que ela esteja usando meus filhos para reforçar sua posição de vítima”, registrou o ex-juiz em nota.

O caso

O ex-presidente da Corte Interamericana de Direitos Humanos foi acusado pela ex-mulher de praticar violência física e verbal durante os 13 anos de união do casal. O caso foi denunciado pela Revista Veja e aprofundado pelo Metrópoles. Para comprovar os argumentos, a estudante apresentou inúmeros áudios gravados em diversos anos do matrimônio. Em alguns deles, o advogado refere-se à então mulher como “cachorra” e “vagabunda”. Uma das gravações também sinaliza possível agressão física cometida por Caldas contra a ex-companheira.

Com a denúncia de Michella, antigas funcionárias da família passaram a relatar situações de assédio envolvendo o ex-patrão. Pelo menos três babás dos filhos de Roberto Caldas afirmaram ter recebido investidas sexuais do ex-integrante da Corte de Direitos Humanos. De acordo com o processo, que corre na Vara de Família do DF, Caldas chegou a ter relacionamentos com duas empregadas simultaneamente.

Após a repercussão do caso, Roberto Caldas pediu afastamento definitivo da CIDH. Além disso, o advogado deixou o escritório onde era sócio, o qual retirou o sobrenome Caldas da razão social da empresa. A Justiça determinou também medida protetiva a favor da estudante e proibiu o acusado de se aproximar fisicamente da ex-mulher.

A defesa solicitou ainda exames ao Instituto Médico Legal (IML) para comprovar possíveis danos psicológicos causados à família pelas recorrentes agressões contra Michella. O laudo, contudo, ainda não foi disponibilizado pela Justiça.

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