Em meio à discussão sobre a abertura de uma comissão processante, muitos partidos políticos ficaram encurralados com a administração do prefeito Gilmar Olarte (PP), que assumiu o Executivo após a derrubada do ex-prefeito Alcides Bernal, também do PP, em março do ano passado.
Se por um lado os erros, denúncias e indícios de improbidade são rotineiros na atual gestão e possuem força para a cassação de Olarte, o clima de instabilidade na Capital e o rombo deixado nos cofres públicos vai prejudicar a imagem do partido que suceder o progressista.
Para o vereador Vanderlei Cabeludo (PMDB), a proximidade com as eleições municipais agravam a situação, uma vez que o problema dificilmente será resolvido com apenas um ano e meio de gestão. Neste cenário, o PMDB seria o principal prejudicado, pois o presidente da Câmara Municipal, vereador Mario Cesar, é o primeiro na sucessão, mesmo que temporariamente.
“Qualquer pessoa que entrar já começa em desvantagem. Vai demorar no mínimo seis meses para a cidade começar a andar. Temos que analisar, pois só perde. O substituto entra como salvador da pátria, não consegue e cai por terra qualquer partido. Quem iria assumir seria o PMDB, isso é uma responsabilidade muito grande”, explica.
De acordo com Vanderlei, o momento requer ajustes que devem ser tomados pelo atual prefeito como corte de gastos e fusão de secretarias. Sobre a comissão processante solicitada pelos vereadores da oposição, o peemedebista afirma que ainda está analisando o pedido, mas destaca que diversas denúncias perderam o objeto de investigação.
“Do cheque, o cara já confessou, assumiu a responsabilidade sozinho. Um objeto que ainda permanece é dos professores, mas tem reunião hoje à tarde e se entrar em acordo, em minha opinião, ele perde o objeto também. Os outros, a CPI das Finanças já está analisando. Tem que ver bem para não cometer injustiças. A responsabilidade é com Campo Grande”, aponta.
Conforme o vereador Paulo Pedra (PDT), a comissão processante pode adiada mais uma vez. A oposição pode suspender a votação, prevista para amanhã (8), enquanto aguarda o parecer da procuradoria jurídica da Casa de Leis que analisa a mudança no quantitativo mínimo para a abertura da investigação. O grupo quer que a votação seja calculada através da maioria simples, ou seja, de 15 vereadores, ao invés do quórum qualificado, que necessita 20 votos favoráveis.
Entretanto, mesmo sem data definida, a tendência dos vereadores é o arquivamento das denúncias. (Veja o placar parcial aqui). Na avaliação do vereador Loester Nunes (PMDB), a comissão está sendo usada como propaganda eleitoral pelos parlamentares da oposição que até já anunciaram novas investigações que podem levar à cassação do prefeito Gilmar Olarte.
“Já tem outra ação correndo, não tem motivo nenhum para fazer isso. Eles levantam acusação que todo mundo já tem conhecimento e vão fazer comissão processante como se fosse resolver o problema. Como vai pagar professor se não tem dinheiro? Se for assim tem que cassar o governador (Reinaldo Azambuja, PSDB) que também não está pagando o reajuste. Isso é um ato político daqueles que perderam da outra vez. O PT está atolado na esfera nacional e aqui quer ser rei”, alfineta.
Posicionamento semelhante ao de Chiquinho Telles (PSD). De acordo com ele, a oposição está usando de demagogias para garantir o apoio da população através do discurso e não apresenta propostas reais para melhorar a administração do município. Ele justifica também que a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) deve ser concluída, antes de solicitação semelhante.
“Existe uma oposição que quer cassar o prefeito a tudo quanto é custo, mas as pessoas devem pensar primeiro em Campo Grande. O que a comissão vai ganhar uma se tem uma CPI avaliando as contas. Aquela questão do Fantástico, 50% é mentira. Os fatos estão vindo à tona. Vários pedidos estão mortos, como o do nepotismo, do cheque que era falso. Muita coisa já foi desmentida e o resto a CPI está investigando”, aponta.
Paulo Siufi (PMDB) mantém mistério sobre seu voto, mas admite que considera o momento inoportuno para a comissão processante. “É o meu pensamento, mas baseado nos fatos concretos que eu tomei a minha decisão. Foi uma decisão baseada em tudo que vi do parecer jurídico, de fatos novos que apareceram. Posso até mudar de ideia se aparecerem novos documentos, mas já estou decidido”.