As comissões de Ética e de Constituição e Justiça da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul receberam, nesta quinta-feira (3), pedido de cassação dos deputados Paulo Corrêa (PR) e Felipe Orro (PSDB), ‘pegos’ em interceptação telefônica em conversa que insinua um combinado para burlar o controle do ponto de frequência de servidores públicos.
O pedido foi protocolado por volta das 11h da manhã por um trio de advogados, Fabio Lechuga, Ilmar Renato Fonseca e João Victor de Souza Cyrino. A advogada Priscila de Santana Anzoategui, também membro do grupo, não pode comparecer à Assembleia.
Conforme Lechuga, caso seja comprovada a atitude irregular dos políticos, deve-se cumprir uma série de punições, entre elas a cassação dos mandatos. “O ato é muito grave, se for bem apurada a ligação, fica nítido de que se trata de uma tentativa de burlar a presença de servidores”, avalia.
O advogado tinha a intenção de se encontrar, além dos dois envolvidos na polêmica, com o presidente da Casa, deputado Junior Mochi (PMDB), mas nenhum deles estava presente no local. Não há prazo para que o documento seja analisado pelas comissões, mas o advogado espera que seja “o quanto antes, para dar resposta à sociedade”.
O caso
Interceptação telefônica nos telefones da Assembleia Legislativa mostra o deputado estadual Paulo Corrêa orientando Felipe Orro sobre como burlar o controle de frequência dos servidores comissionados lotados no gabinete. “O que temos mais do que os outros? Coloca um controle de ponto. Mesmo que seja fictício. Pega seu chefe de gabinete e manda agir. Todo o dia as pessoas têm que assinar o ponto até que passa esse rolo ai”, disse Paulo Corrêa.
Durante a conversa, Paulo Corrêa se demonstra preocupado com uma série de reportagens sendo realizadas pelas Assembleias Legislativas de todo o Brasil sobre supostos funcionários fantasmas. “Presta atenção. Não tem ninguém do seu lado? Vou falar com calma para você. Você está sabendo o que está sendo feito? Estão entrando nas Assembleias do Brasil inteiro. Onde ela pega você. Você e eu temos bastante. Você sabe o que eu e você temos mais do que os outros”, destacou Corrêa.
O parlamentar continua e orienta Felipe Orro a fazer uma folha com o controle de frequência de todos os servidores, incluindo os comissionados que ficam nas cidades onde os parlamentares possuem base eleitoral. “Coloca um controle de ponto. Mesmo que seja fictício. Pega seu chefe de gabinete e manda agir. Todo o dia as pessoas têm que assinar o ponto até passar esse rolo ai”, afirmou. Escute o áudio da conversa, clicando aqui.
Denúncia
O presidente municipal do PTN em Maracaju, pastor Jairo Fernandes, confirmou que foi em seu celular que o deputado Felipe Orro ligou para o deputado Paulo Corrêa, quando conversaram sobre a utilização de uma folha de ponto fictícia. O pastor também confirmou que vazou a gravação e fez a denúncia no Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado). “Eu fiz minha parte como cidadão. Eu fiz a denúncia. O celular era meu mesmo”, disse.
Residente em Maracaju, o pastor Jairo Fernandes negou que tenha tentado chantagear Felipe Orro. Jairo afirmou que está assustado com o tamanho da repercussão que o caso está tendo e que quinta-feira (3) estará em Campo Grande para se reunir com o seu advogado sobre o assunto.
Orro afirmou que usou o celular de Jairo no inicio de 2015 e que a conversa foi gravada por um aplicativo. O parlamentar afirmou também que foi chantageado pelo pastor. Leia mais sobre o caso, clicando aqui.