Figura constante dentro dos movimentos a favor da valorização de profissionais da educação em Campo Grande, Gilvano Kunzler Bonzoni, 40 anos, faz questão de acompanhar de perto as decisões e propostas do poder legislativo em relação a temas que são defendidos repetidamente em campanhas políticas. Em entrevista ao TopMídiaNews, o professor comenta sobre as reivindicações da classe e classifica a bancada da Câmara Municipal como ‘despreparada’.
Candidato a uma vaga na Casa de Leis pela segunda vez, Gilvano avalia que a luta por mudanças efetivas da qualidade educacional tem peso diferente quando há um representante que parte de dentro da realidade de quem trabalha com isso. “Após as eleições, a educação é deixada como uma área de muita despesa e pouco lucro. Há questões urgentes para se resolver, como o cumprimento do piso salarial dos professores, a gestão democrática e maior atenção à saúde do servidor. A formação continuada tem que se tornar real, temos que lutar pela valorização da educação”, diz.
O professor, que atuou por anos dentro da diretoria da ACP (Sindicato Campo-grandense dos Profissionais de Educação Pública), comenta sobre as greves que interromperam as aulas da Reme (Rede Municipal de Educação) durante a gestão de Alcides Bernal (PP) e Gilmar Olarte (Pros), motivadas pelo não cumprimento da Lei do Piso. “A gente acaba sofrendo por essa falta de compromisso, nós nos organizamos no sindicato e nos últimos anos enfrentamos três greves, isso nós temos consciência que é um grande prejuízo pra a criança e a família. Leis devem ser cumpridas e direitos respeitados, sem prejudicar a população”.
Ele defende também a aprovação de leis que estabeleçam plano de cargos e carreiras do setor administrativo nas escolas e, alongo prazo, a maior participação dos pais na escola e produção de material didático pelos professores da cidade. Além disso, leva como bandeira o aumento de vagas em Ceinfs (Centros de Educação Infantil) e escolas de tempo integral, com melhorias pontuais no sistema educacional, alfinetando que hoje a classe política tende a compreender esses locais como ‘depósito de crianças’, sem a atenção necessária até para questões básicas como o fornecimento de merenda e material escolar.
Leis aprovadas no ‘afogadilho’
Para Gilvano, o conteúdo da proposta de lei que ficou conhecida popularmente como ‘Lei da Mordaça’ na Capital é ‘um retrato do despreparo do debate dos nossos legisladores’. “Você acaba indo num onda de discurso de tentar resolver algumas questões. Graças à pressão da educação, foi mantido o veto, já que essa lei viria na contramão, porque já existem essas determinações nas diretrizes educacionais”, diz.
“Uma determinação desse tipo inibiria debate contra preconceito, contra a liberdade e o pensamento político, critico e participativo nas questões importantes, para que o aluno forme sua própria opinião. As imposições de ‘ideologias’ já são coibidas no ambiente escolar, não tem como aprovar leis no afogadilho, sem se manter num contexto lógico. Um vereador que aprova leis sem debater com a sociedade não merece estar ali”, finaliza.