O candidato a prefeito de Dourados, Marçal Filho (PSDB), ganhou fama de ser ''voraz'' em esquemas de corrupção. Ele se tornou réu por cobrar propinas em emendas quando era deputado federal.
Segundo a imprensa local, Filho foi um dos protagonistas na Operação Uragano, deflagrada pela Polícia Federal, por desvio de verba pública envolvendo agentes públicos e empresários.
A fama do então deputado foi revelada em gravações autorizadas feitas pela investigação. Os demais envolvidos diziam que Marçal era o ‘’pior de todos’’ e ‘’capaz de matar a mãe por dinheiro’’.
Ainda segundo a apuração da PF, foi dito que o atual candidato cobrava de 10% a 15% dos contratos públicos quando o dinheiro da emenda era indicado por ele. Foram R$ 12 milhões enviados por Marçal para Dourados entre 2008 e 2010. O chamado ''retorno'' ao então deputado seria de R$ 2 milhões.
Gravações flagraram cobraça de propina por Marçal (Foto: Reprodução Facebook)
Personagens
A PF revelou interceptação telefônica da então esposa de Marçal Filho, Keliana Fernandes com esposo e o então assessor do prefeito Ari Artuzi (este falecido), Eleandro Passaia. O trio combinava desviar dinheiro da compra de remédios para financiar a reeleição dele em 2010. Passaia foi pressionado para enviar R$ 2 milhões para a campanha de Marçal.
''Se ele (Ari Artuzi) quiser que eu faça algum compromisso, presente ou futuro, eu preciso de muita grana (…) eu quero é dinheiro, não quero conversa. Eu preciso de uns R$ 2 milhões pra campanha. As minhas emendas todos sabem...o cara tem que dar um 'retorno' pra mim'', diz transcrição da conversa interceptada.
Keliana sugere o esquema para desviar verbas da saúde do município.
''Vê aquele esquema lá que você falou pra mim, dos remédios (…) cara te passa e você (…) sabe como é que passa pra ele, não sei, eu passo pra você e você se vira. Porque você não pede a alguém que já faz isso e você tenha confiança (…) você vai lançar na planilha e eu vou devolver o dinheiro depois'', diz a interlocutora.
Remédios
A interpretação da investigação dá conta que a prefeitura a Prefeitura contrataria uma empresa para realizar a compra de R$ 500 mil em medicamentos para a população, mas pagaria um valor superior.
Como não haveria a compra total do material, a diferença então seria devolvida ao município que repassaria o valor a Marçal para usar na campanha. ''Por que você não pede a alguém que já faz isso? Que você tenha, você tenha confiança, porque na realidade é assim'', afirmou Keliana, descrevendo o ''modus operandi'' do esquema.
Testemunhas do processo afirmaram que Marçal Filho cobrava 10% do valor de cada emenda, e chegou a cogitar até elevar o valor do “retorno” para 15%. Em uma das interceptações, Marçal Filho afirmou que teria acumulado R$ 5 milhões em propina se tivesse atuado como deputado federal por quatro anos, mas como assumiu o cargo por dois anos apenas, só teria “retornado” R$ 2 milhões.
Diante da pressão e agressividade de Marçal, sugere a apuração, os demais envolvidos teriam medo do então deputado e pedido ajuda a Artuzi. Um deles foi o ex-diretor de Obras de Dourados.
''Marçal é que é foda, já vem na jugular e quer os 10% em cima, adiantado... Marçal é o pior de todos. Aquilo ali, rapaz, aquilo você não tem ideia como que é aquele homem'', desabafou. Ele também teria dito:
''O Marçal mata a mãe por dinheiro... é o pior de todos. (...) Obra Marçal no tempo do Hospital Universitário aqui em Dourados, do hospital lá, ninguém queria pegar. Naquele tempo era 10% ele queria 15% (em propina)'', contou Torraca em conversa gravada.
A ação penal que Marçal responde está em segredo de Justiça no STF. Quando deixou de ser deputado federal, o caso ''desceu'' para a Justiça Federal de Dourados.
O espaço está aberto aos citados. O advogado de Marçal, Arnar Ribeiro, disse que o processo está em andamento e que não há ''a menor prova a comprometer ou indícios'' contra o candidato.
''As provas revelam o contrário, a inocência dele'', diz o defensor que garante que haverá absolvição.
Também destacou que Filho não tem condenação e nega qualquer irregularidade na conduta.
''Nunca praticou qualquer ato reprovável e o índice de aprovação dele é gigante''.