A situação de um adolescente de 17 anos, internado há cerca de dez dias na UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Almeida, em Campo Grande, causa preocupação em funcionários e pacientes que acompanham o dia a dia do menino.
Com paralisia cerebral e diversas limitações físicas, ele estaria praticamente abandonado, sem familiares presentes de forma constante, e sem previsão de transferência para um hospital, necessário para receber o atendimento adequado.
Segundo uma denúncia feita a reportagem do TopMídiaNews, o adolescente foi levado a UPA após ser encontrado pelo Conselho Tutelar desidratado e debilitado. Ele era cuidado em casa, por uma irmã de apenas 15 anos, após ser abandonado pela mãe e pela avó, ambas usuárias de drogas.
Ao ser encaminhado para a unidade de atendimento, o Conselho Tutelar localizou em outro estado uma tia do menino, que veio a Campo Grande após ser acionada. Entretanto, a mulher não teria condições de prestar os cuidados necessários, comparecendo à unidade apenas a noite, devido ao trabalho, mas sempre levando fraldas e materiais de higiene, segundo a denunciante, porém o menino precisa de auxílio 24h por dia.
Além disso, ela também já teria judicializado um pedido de transferência para um hospital, que não obteve retorno positivo. Em teoria, o pedido de judicialização de uma vaga, realizado junto a Defensoria Pública de Mato Grosso do Sul, indica que o município tem 24h para liberar uma vaga de hospital para o paciente, prazo que, segundo os servidores, já venceu duas vezes sem que a transferência acontecesse.
Enquanto isso, profissionais da unidade têm se mobilizado para garantir o mínimo de dignidade ao adolescente. “Cortamos o cabelo dele, estamos realizando todos os cuidados de enfermagem. Ele já mostra sinais de melhora: tiramos a sonda e agora ele consegue se alimentar por mamadeira e via oral”, relata uma funcionária. Pacientes internados no local também têm se sensibilizado e colaborado com doações.
Mesmo assim, a permanência prolongada na UPA tem acendido alertas. O caso já teria chegado ao Ministério Público. Funcionários afirmam ainda que a situação configura abandono de incapaz, já que o jovem é menor de idade e completamente dependente. “O Conselho Tutelar deveria designar alguém para acompanhar o menino. Ele não tem ninguém aqui”, desabafa a denunciante.
A reportagem entrou em contato com a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), que negou as informações com base em brecha na Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). O Conselho Tutelar também foi acionado e a reportagem aguarda posicionamento.









