A crise na saúde pública de Campo Grande revolta quem depende do SUS (Sistema Único de Saúde), e gera empatia com os profissionais da saúde que seguem tentando atender a população sem condições de trabalho, na Capital.
Auxiliar de serviços gerais que preferiu não se identificar por receio de represálias, resume o sentimento de quem enfrenta longas filas e a falta de estrutura nas unidades básicas de saúde que não tem desde medicação simples a itens necessários para atendimento a população, como luvas aos profissionais de saúde.
“Campo Grande está abandonada. O pessoal da saúde faz o que pode, mas não tem nada para trabalhar”, comenta.
A trabalhadora, que espera há três anos por uma ressonância magnética de urgência pelo SUS, vê o marido passar pela mesma situação enquanto aguarda há 1 ano por um raio-X da coluna.
Pacientes da USF (Unidade de Saúde da Família) do bairro Jockey Club, ali eles encontram profissionais sem luvas, aparelhos de medir glicemia quebrados, e falta de medicamento.
“Na unidade não tem luva, o aparelho de medir glicemia está quebrado. Médicos e enfermeiros não têm culpa, eles se esforçam, mas o salário é ruim, as condições de trabalho piores ainda. Como vão atender bem a população sem o básico?”, questiona.
Hipertensa, a leitora afirma que há meses não encontra os remédios de uso contínuo na rede pública. “Não tem medicação, não tem soro, não tem dipirona. Está assim em todos os lugares. O que a prefeita está fazendo? A gente não aguenta mais”, desabafa.
Mesmo diante do caos, a moradora destaca o esforço dos servidores. “Nunca fui maltratada, sempre me trataram com carinho, mas vejo que estão desvalorizados. Fico com dó dos profissionais da saúde pública que levam culpa, mas estão sem pagamento e sem insumo para trabalhar”, afirma.
Para ela, o cenário é de abandono e descaso com a população. “A Santa Casa tenta sobreviver como pode, mas cadê o dinheiro público? A cidade está largada, e quem depende do SUS é quem mais sofre”, conclui.
A reportagem entrou em contato com a Sesau a respeito das más condições da unidade citada. Em resposta, a secretaria informa que realiza monitoramento constante da rede pública para assegurar o abastecimento de insumos e medicamentos, bem como a manutenção dos equipamentos utilizados nas unidades.
"Eventuais situações pontuais são acompanhadas pelas equipes técnicas para serem corrigidas. Atualmente, a Prefeitura instituiu o Comitê Gestor da Saúde, que vem conduzindo uma ampla reestruturação administrativa e operacional na Sesau, com revisão de contratos, reorganização de equipes, visitas técnicas às unidades e implantação de novos sistemas de controle e gestão, visando fortalecer a eficiência, a transparência e a capacidade de resposta da rede municipal de saúde", diz a nota retorno.
*Matéria alterada para acréscimo da resposta da Sesau









